Sundar Pichai, o engenheiro visionário e diplomático à frente do Google

  • Por Agencia EFE
  • 15/08/2015 10h58

Teresa Bouza.

São Francisco, 15 ago (EFE).- Sundar Pichai, que se tornou um dos executivos mais poderosos do setor tecnológico após ser nomeado CEO do Google, é um engenheiro com fama de visionário e de diplomático.

“Sundar tem uma capacidade incrível para se adiantar ao futuro e mobilizar as equipes em torno do que é realmente importante”, disse o cofundador do Google, Larry Page, em um memorando enviado aos funcionários em outubro do ano passado, no qual anunciou a promoção de Pichai como chefe da maioria das áreas de negócio da empresa.

Igualmente efusivos foram os comentários de Page nesta segunda-feira ao nomear Pichai executivo-chefe do Google, parte de um processo de reestruturação que conduziu à criação de Alphabet, um conglomerado que agrupa o Google e outras seis empresas que trabalham em âmbitos como longevidade, internet de alta velocidade e os veículos autônomos.

“Sundar esteve dizendo as coisas que eu teria dito (e às vezes melhor do que eu) durante algum tempo, e está claro que chegou a hora de se transformar no executivo-chefe do Google”, escreveu Page na segunda-feira no blog da empresa.

Nascido em Chennai, uma cidade de quatro milhões de habitantes no estado de Tamil Nadu, no sul de Índia, Pichai, de 43 anos, se soma a uma já longa lista de executivos indianos no mundo da tecnologia.

Entre os nomes mais destacados estão Satya Nadella, atual executivo-chefe da Microsoft; Sanjay Mehrotra, fundador e executivo-chefe da SanDisk; Rajeev Suri, executivo-chefe da Nokia; e Shantanu Narayen, da Adobe.

Um estudo realizado recentemente pela Universidade Southern New Hampshire, nos Estados Unidos, que compara o estilo de liderança de executivos americanos e indianos, concluiu que os diretores da Índia “alcançam resultados extraordinários e constroem grandes organizações sem fazer muito barulho”.

“Eles desfrutam de uma paradoxal mistura de genuína humildade e intensa ambição profissional”, indicou o estudo.

Os que conhecem Pichai garantem que ele tem esse perfil.

“Humilde”, o definiu esta semana em declarações ao “The Wall Street Journal” Keval Desai, um ex-executivo do Google, que também disse que Pichai é uma pessoa “muito inteligente”.

“Desafio a encontrar alguém no Google que não goste de Sundar ou que pense que é um imbecil”, comentou Caesar Sengupta, vice-presidente do Google, em um amplo perfil publicado ano passado pela revista “BusinessWeek”.

Claro que Pichai teve seus desencontros e passou por situações complicadas, mas em momentos como esses tende a evitar o conflito.

É famosa no Vale do Silício a queda de braço que teve com Andy Rubin, o criador do sistema operacional Android, que optou por lançar seu próprio navegador ao invés de optar pelo Chrome, desenvolvido pela equipe de Pichai.

Em vez de declarar guerra, Pichai esperou até 2013, quando Larry Page o pôs à frente do Android, além do Chrome, e a partir daí os atritos com Rubin desapareceram.

O perfil da “BusinessWeek” lembrou também a tensão gerada ano passado quando a empresa sul-coreana Samsung decidiu relegar os produtos do Google a segundo plano em seus tablets Magazine UX.

Pichai foi o encarregado de desativar essa explosiva situação em reuniões em Las Vegas e em Barcelona, nas quais disse ter mantido “conversas francas”, e as empresas chegaram a uma trégua que abriu passagem para uma nova era de cooperação.

O homem que estará à frente de um gigante com receita de US$ 66 bilhões anuais foi criado em um pequeno apartamento de dois quartos.

Seu irmão e ele dormiam na sala e, durante grande parte de sua infância, sua família não podia pagar para ter uma televisão ou um carro.

Seus pais tiveram o primeiro telefone, um desses modelos antigos de disco, quando Pichai, que lembrava de cor todos os números, tinha 12 anos.

O jovem Pichai se destacou na escola e entrou no prestigiado Instituto Tecnológico de Kharagapur, na Índia, onde estudou engenharia.

Pouco depois obteve uma bolsa de estudos para a Universidade de Stanford, na Califórnia, onde fez mestrado em física e ciência dos materiais, e depois cursou outro mestrado em gestão de empresas na Escola de Negócios Wharton, da Universidade da Pensilvânia.

Seu pai sacou US$ 1 mil das economias da família, uma soma superior ao seu salário anual, para pagar a passagem de avião para Stanford.

Sundar Pichai entrou no Google no ano 2004, e o dia de sua entrevista de trabalho coincidiu com o lançamento do serviço de e-mail gratuito Gmail.

“Foi arrasador ver as respostas tão generosas e carinhosas de muitos amigos, companheiros e estranhos. Meu mais sincero agradecimento”, afirmou Pichai essa semana em uma mensagem no Twitter, em resposta às felicitações por sua nomeação. EFE

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