Superávit do setor público no semestre foi o menor em 13 anos
Rio de Janeiro, 31 jul (EFE).- O setor público acumulou no primeiro semestre do ano um superávit primário de R$ 29,38 bilhões, o menor saldo para o período nos últimos treze anos, informou nesta quinta-feira o Banco Central.
A economia do setor público no primeiro semestre foi inferior inclusive ao registrado nos primeiros seis meses de 2002 (R$ 30,14 bilhões), até agora o pior resultado desde que as contas começaram a ser medidas no ano anterior.
O superávit entre janeiro e junho de 2014 foi 43,6% inferior ao do mesmo período de 2013 (R$ 52,15 bilhões).
O resultado primário nas contas públicas é a diferença entre a receita e as despesas do governo, estados e das empresas estatais, sem levar em conta os recursos destinados ao pagamento dos juros da dívida.
Contribuiu para o desempenho ruim o resultado de junho, quando as contas públicas registraram um déficit de R$ 2,1 bilhões. Esta foi a primeira vez que os gastos públicos superaram a receita em um mês de junho desde 2002.
De acordo com o Banco Central, o resultado decepcionante do semestre foi provocado principalmente pela queda da arrecadação de impostos como consequência da estagnação da economia do Brasil e pelas várias isenções que o governo concedeu para favorecer alguns setores em crise.
Os analistas do mercado financeiro preveem que, pela menor demanda externa devido à crise e à redução do consumo interno, a economia brasileira sofrerá uma nova desaceleração neste ano e crescerá 0,90%.
O governo estabelece metas anuais de superávit fiscal para demonstrar seu compromisso com a responsabilidade nas contas públicas e garantir que cumprirá com o pagamento de sua dívida e dos juros gerados.
Mas o resultado do semestre põe em dúvida se o governo alcançará a meta de terminar o ano com um superávit primário de R$ 167,4 bilhões, equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Obviamente os déficits em maio e junho nos distanciam do cumprimento da meta. Para conseguir a meta será necessário um esforço maior do governo, mas não significa que não poderemos cumpri-la”, assegurou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.
O organismo emissor informou ainda que nos seis primeiros meses do ano foram gastos R$ 120,2 bilhões no pagamento de juros de dívida, por isso o setor público acumulou no primeiro semestre um déficit nominal (incluindo juros) de R$ 90,86 bilhões.
O déficit público nominal do Brasil nos seis primeiros meses deste ano superou em 37,81% o do mesmo período de 2013. EFE
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