Suposto criminoso de guerra sérvio afirma que não voltará a tribunal
Belgrado, 30 mar (EFE).- O ultranacionalista sérvio acusado de crimes de guerra Vojislav Seselj declarou nesta segunda-feira que não voltará de forma voluntária ao Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), apesar de o órgão ter revogado sua liberdade condicional, informou a “Radio Beograd”.
“Tenho certeza que não retornarei de forma voluntária”, disse Seselj em entrevista à emissora de rádio em reação à decisão do TPII.
O sérvio lembrou que passou 12 anos na prisão do TPII, ao qual se entregou voluntariamente em 2003, e alegou que o tribunal violou seus direitos, como ser submetido a julgamento em um prazo “razoável”. Segundo ele, uma eventual tentativa da polícia sérvia de prendê-lo “não será uma tarefa fácil”.
O presidente do escritório governamental sérvio encarregado da cooperação com o TPII, Rasim Ljajic, classificou como “contraditória” a decisão da corte sobre o retorno de Seselj, segundo a agência oficial sérvia “Tanjug”.
“Primeiro, Seselj foi posto em liberdade sob condições jamais vistas na prática até agora, sem quase nenhuma condição para ele e para o Estado da Sérvia. Agora, se decide por surpresa o retorno de Seselj a Haia. Dessa forma, a Sérvia entra sem culpa nenhuma em um litígio entre o Conselho Judicial, a Procuradoria e o próprio Seselj”, lamentou.
Ljajic também considerou que essa decisão dificulta a cooperação da Sérvia com o TPII.
Segundo a “Tanjug”, o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic, anunciou que o governo “se pronunciará nos próximos dias” sobre o que considerou “uma decisão pouco moral”.
Membro da coalizão no poder e ministro do Trabalho, Aleksandar Vulin, declarou que a decisão do tribunal internacional é uma tentativa de “desestabilização da Sérvia”.
O TPII revogou nesta segunda-feira a liberdade condicional de Seselj por considerar que o acusado violou os termos da mesma com algumas declarações, como quando disse que não predentia voltar a comparecer ao TPII.
O órgão decidiu, no dia 7 de novembro, conceder liberdade condicional a Seselj por razões humanitárias, devido à deterioração de sua saúde, para que pudesse receber tratamento “no local mais adequado”.
Entre as condições que o permitiam viajar a seu país, ele não podia entrar em contato com vítimas nem testemunhas para não interferir no processo e deveria aceitar voltar ao tribunal de Haia quando fosse solicitado.
Líder do Partido Radical Sérvio, agora minoritário e sem representação parlamentar, Seselj está sendo julgado pelo TPII por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos entre 1991 e 1994 em Croácia, Bósnia e Sérvia. EFE
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