Suposto dono de navio naufragado no Mediterrâneo alega inocência

  • Por Agencia EFE
  • 22/04/2015 19h33

Roma, 22 abr (EFE).- O suposto dono do pesqueiro naufragado no Mediterrâneo, no qual podem ter morrido afogados cerca de 850 imigrantes, assegurou nesta quarta-feira ser um passageiro e que ao comando do navio se encontrava outra pessoa que morreu no desastre.

A procuradoria de Catânia, no sul da Itália, interrogou hoje os dois supostos traficantes de pessoas que sobreviveram ao incidente e que foram posteriormente detidos em sua chegada a porto siciliano: o tunisiano Muhammad Ali Malek, considerado o responsável pelo navio, e seu subalterno, o sírio Bikhit Mahmoud.

O primeiro foi acusado de sequestro agravado pela presença de menores, homicídio culposo múltiplo, naufrágio e instigação à imigração clandestina enquanto sobre o segundo recaiu apenas a última acusação.

Mahmoud se limitou a apontar Ali Malek como “responsável” dos fatos, mas este garantiu ser inocente, segundo a imprensa italiana.

“Eu não tenho nada a ver, paguei para viajar, era um passageiro e não estava ao comando”, declarou o tunisiano, segundo explicou seu advogado, Massimo Ferrante, que renunciou à defesa de Mahmoud, uma vez que este acusa o tunisiano.

Por outro lado, o suposto dono do navio confirmou a tese dos procuradores italianos ao reconhecer que a causa do afundamento foi uma série de colisões com o mercante português que tentava socorrê-los.

“Era noite e o navio estava escuro. Havia muito nervosismo e as pessoas queriam subir a bordo do mercante. Provavelmente aconteceu um erro humano”, afirmou.

O procurador de Catânia, Giovanni Salvi, explicou ao término do interrogatório que dos testemunhos escutados até agora “está emergindo um quadro muito grave da situação prévia ao embarque” na Líbia, um período caracterizado por “violência e tratamento desumano” sobre os imigrantes.

O naufrágio aconteceu durante a madrugada do domingo passado, quando a guarda costeira italiana recebeu uma chamada de socorro na qual lhes avisaram que um navio no qual viajavam centenas de pessoas se encontrava em situação de perigo entre as costas da Líbia e da ilha italiana de Lampedusa.

As autoridades italianas solicitaram a assistência da embarcação portuguesa “King Jacob”, que se encontrava próxima à área, mas finalmente o navio acabou afundando aparentemente com centenas de imigrantes trancados em seus porões, um número que, segundo os promotores, chega a 850 pessoas.

Após a tragédia, que, se forem confirmados os dados, seria a pior já registrada no Mediterrâneo, foram recuperados 24 corpos e 28 sobreviventes, entre eles os dois acusados de pertencer a uma rede de tráfico de pessoas entre a Líbia e a Itália.

Os demais sobreviventes também estão sendo escutados pelos magistrados e foram eles mesmos que delataram os dois detidos. EFE

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