Supremo aceita recurso e adia execução de paquistanesa acusada de blasfêmia

  • Por Agencia EFE
  • 22/07/2015 07h45
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(Corrige título).

Islamabad, 22 jul (EFE).- O Tribunal Supremo do Paquistão suspendeu nesta quarta-feira a ordem de execução de Asia Bibi, uma cristã acusada de blasfêmia há seis anos após um conflito com camponesas muçulmanas por tocar o jarro em que elas beberiam água, e admitiu estudar o recurso da condenada para julgar o caso.

“O pedido para estudar o recurso foi admitido e a ordem para executar Asia Bibi foi suspensa cautelarmente”, afirmou à Agência Efe Saiful Mulook, advogado da condenada ao comentar a decisão dos três juízes do Supremo na cidade de Lahore, no leste do país.

Asia Bibi foi condenada à morte no dia 8 de novembro de 2010 por um tribunal do distrito de Nankana, na província de Punjab, em artigos da lei nos quais estão tipificados os crimes de blasfêmia.

Mãe de cinco filhos, ela foi denunciada em 2009 por muçulmanas que a acusaram de contaminar a água que bebiam em um poço público por tocar o jarro com suas “mãos impuras” por ser cristã.

O advogado de Asia Bibi espera que sua cliente consiga ser inocentada e finalmente libertada porque, segundo ele, existem vários aspectos a seu favor, como o atraso das muçulmanas em fazer a denúncia, algo que só ocorreu cinco depois do conflito.

A decisão que será tomada pelo máximo órgão de apelação do Paquistão é o último recurso com o qual a cristã conta para ser libertada, depois de no ano passado a Corte Suprema ter se negado anular a pena de morte.

Mulook, que recebeu várias ameaças para abandonar o caso, afirmou que continuará a luta até que Bibi consiga “justiça”.

A comunidade internacional mostrou em várias ocasiões seu apoio à cristã paquistanesa, com várias campanhas por sua libertação e até mesmo pedidos de países como Espanha, França, Itália e Estados Unidos para que a pena de morte fosse revogada.

Em abril, o marido de Asia Bibi, Ashiq Masih, foi recebido e abençoado pelo papa Francisco no Vaticano, onde, segundo disse à Agência Efe, ouviu do pontífice palavras de esperança e que a mulher seria libertada em breve.

A dura lei contra a blasfêmia vigente no Paquistão foi estabelecida na época colonial britânica para evitar choques religiosos, mas nos anos 80 várias reformas promovidas pelo ditador Zia ul Haq favoreceram o abuso da regra.

As tentativas de modificar a legislação ao longo do tempo tiveram a resistência de fundamentalistas islâmicos. Em 2011, o governador da província de Punjab, Salman Taseer, e o ministro cristão de Minorias, Shahbaz Bhatti, foram assassinados defender a reforma. EFE

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