Surto de ebola é “significativo” e apresenta muitos desafios, adverte OMS

  • Por Agencia EFE
  • 08/04/2014 14h06
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Marta Hurtado.

Genebra, 8 abr (EFE).- O surto de ebola que afeta atualmente a África Ocidental é bastante “significativo” e apresenta muitos “desafios”, advertiu nesta terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Estamos diante de surtos mais desafiantes os quais tivemos que enfrentar até o momento. Começou na Guiné, já se expandiu até a Libéria, e há vários focos. O fato de que seja em diferentes localidades complica seu controle”, advertiu em entrevista coletiva o diretor-geral adjunto para Segurança Sanitária da OMS, Keiji Fukuda.

Até o momento foram detectados 157 casos na Guiné – onde surgiu no dia 22 de março -, dos quais 101 doentes morreram e 67 puderam ser confirmados por testes de laboratório.

Na Libéria, país que faz fronteira com a região sudeste do país, onde primeiro foi detectado o foco, foram identificados 21 casos, dez mortes, e destas, cinco foram confirmadas em laboratório.

Por enquanto, os supostos casos em outros países da região, deram negativo.

Em Serra Leoa, dois pacientes dos quais se suspeitava deram negativo nos testes; no Mali, se dúvida de quatro pacientes doentes, dois dos quais ficaram descartados com os testes de laboratório, e de outros dois se está à espera; e em Gana todos os casos suspeitos foram descartados.

O principal problema do ebola é que é uma doença altamente contagiosa, que não tem tratamento específico para curá-la, e que tem taxas de mortalidade que chegam a 90%, embora por enquanto, a porcentagem de pacientes infectados e que morreram está em torno de 65%.

O contágio acontece através do contato direto com o sangue e com os fluidos e tecidos corporais das pessoas ou animais infectados.

Outro dos aspectos que complicam o controle deste surto é o fato de que tenha surgido na África Ocidental, uma região onde a doença não tinha aparecido antes.

Este fato, explicou Fukuda, é em certo sentido negativo, não só pelo fato de que o vírus tenha se expandido, mas porque não há conhecimento geral do mesmo, nem médico nem entre a população, o que aumenta a psicose.

Uma boa notícia é o fato de que entre os 50 especialistas enviados pela OMS à Guiné se encontram vários médicos de Uganda, República Democrática do Congo (RDC) e Gabão, países que sofreram surtos anteriormente e sabem como agir para combatê-lo.

O terceiro aspecto “desafiante” destacado por Fukuda são “os rumores gerados” e que dificultam o controle epidemiológico ao surgir falsos alarmes, ou ao contrário, ao esconder casos por medo de discriminação.

Finalmente, o quarto aspecto que contribui para dificultar o controle é que a doença tenha chegado à capital, onde os contatos entre as pessoas são mais assíduos e, sobretudo, podem ocorrer com desconhecidos, o que dificulta enormemente a tarefa de rastrear a trajetória do vírus.

Dos 157 casos surgidos na Guiné, 20 foram detectados em Conacri.

A OMS adverte que esperam que os casos continuem surgindo porque, apesar das campanhas de informação, ainda existem três “focos quentes” na região chamada de Guinée Forrestière, no sudeste.

Além disso, a agência das Nações Unidas assumiu que, até o momento, as autoridades de saúde foram “passivas” ao detectar os casos depois de os pacientes terem sido levados para os hospitais.

“Deveríamos insistir que os trabalhadores de saúde sejam os que vão as comunidades para tentar detectar os casos”, afirmou Stéphane Hugonnet, médico da OMS, e que acaba de voltar da Guiné.

Hugonnet assumiu que, dada a experiência em outros surtos de ebola, espera-se que surjam casos durante os próximos quatro meses.

“O que não quer dizer que assim aconteça, só que há uma possibilidade de que apareçam”, especificou Hugonnet, que por sua vez, destacou que é “bastante fácil parar as transmissões” se a população tomar consciência das medidas necessárias para evitar o contágio.

Por enquanto, as pessoas que estão mais em perigo de contrair a doença são os trabalhadores de saúde, os familiares dos doentes, e as pessoas que participam de funerais e que entram em contato com o corpo do falecido.

Até o momento, a maior epidemia de ebola foi a de Uganda no ano de 2000, quando 425 pessoas contraíram a doença.

O período de incubação do vírus é de entre dois e 21 dias, é por isso que a OMS poderá falar de controle do surto somente depois de 42 dias sem que se tenha detectado nenhum novo caso, um cenário que por enquanto não se vislumbra a curto prazo. EFE

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