Agrotóxicos proibidos na Europa são exportados para o Brasil
Prática tem sido chamada de “colonialismo químico”, por ter ligação com exploração econômica por países mais ricos
Agrotóxicos que são proibidos na europa continuam sendo importados pelo Brasil. Esses produtos são considerados perigosos à saúde humana e ao meio ambiente. Essa prática tem sido chamada de “colonialismo químico” porque não deixa de ser um tipo de exploração econômica. Compramos produtos que eles não querem e ficamos com os riscos ambientais e para a saúde. Isso acontece porque aqui os padrões de segurança alimentar são menos restritivos e mais flexíveis. O Brasil é o principal importador de agrotóxicos da Europa. Ainda há outro risco ao utilizar esses agrotóxicos: produtos agrícolas brasileiros contaminados são muitas vezes rejeitados na União Europeia por excederem limites de resíduos químicos permitidos. Em 2020, até houve uma promessa por parte da Europa, para colocar um fim nesse tipo de exportação, mas os interesses econômicos falaram mais alto. Em 2022, só a Alemanha mandou para cá mais de 18 mil agrotóxicos proibidos por lá. É fundamental que sejam adotadas medidas mais rigorosas tanto na Europa quanto no Brasil para proteger a saúde pública e o meio ambiente, incluindo a revisão das políticas locais e internacionais de exportação de agrotóxicos e o fortalecimento das regulamentações internas de segurança alimentar.
Mas dá para produzir em larga escala sem pesticidas?
Os agricultores brasileiros defendem que o uso de agrotóxicos é necessário por causa do nosso clima tropical que está mais sujeito a pragas e doenças que podem comprometer as colheitas. Sem eles, os custos seriam mais altos e a produção menor. E, claro, não dá pra deixar essa parte importante da nossa economia sofrer impactos que podem inclusive chegar à nossa mesa. Mas é possível promover práticas mais sustentáveis na produção de alimentos em larga escala, com investimento em técnicas agrícolas que reduzam a dependência de agrotóxicos: como o manejo integrado de pragas, rotação de culturas, uso de variedades resistentes e métodos biológicos de controle de pragas, isso melhora, inclusive, a saúde do solo. É preciso equilibrar as necessidades alimentares, impactos ambientais e tecnologias.
O estudos mostram que é viável aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável, desde que haja investimento em pesquisa, tecnologia, adoção de políticas agrícolas adequadas e educação ambiental para os agricultores. Quase 70% dos pesticidas usados aqui podem causar câncer. É por isso que são proibidos por lá. No meio ambiente, a conta é simples: melhor prevenir do que remediar. Muito do que não se investe na agricultura sustentável, precisa ser investido no sistema de saude para cuidar dos doentes, que nem sempre sobrevivem.
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