Mulheres ocupam apenas 15% dos cargos eletivos no Brasil

A equidade de gênero, que está na agenda ESG, ainda é um desafio para a política e para as empresas

  • Por Patrícia Costa
  • 29/07/2024 09h39 - Atualizado em 29/07/2024 10h02
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GIULIANO GOMES/PR PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná Estudos mostram que a inclusão feminina na política resulta em políticas públicas mais abrangentes e sensíveis às necessidades de toda a população

A equidade de gênero é um tema central no pilar social do ESG (Environmental, Social, and Governance). Mas a presença feminina na política e em altos cargos corporativos ainda é significativamente menor que a masculina. Esse desequilíbrio tem profundas consequências para a sociedade e o desenvolvimento sustentável. Dados da União Interparlamentar mostram que apenas 25,5% dos parlamentares no mundo são mulheres. No Brasil, esse número é ainda menor, com apenas 15% de representação feminina no Congresso Nacional. A participação limitada das mulheres na política pode ser atribuída a diversos fatores, como a persistência de estereótipos de gênero, a falta de apoio partidário e as barreiras socioeconômicas que dificultam o ingresso das mulheres nesse campo. No Brasil, existe uma lei que determina que cada partido ou coligação deve preencher o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo nas eleições proporcionais (Lei nº 9.504/1997). Na prática, essa cota muitas vezes não é cumprida de maneira efetiva, com mulheres sendo colocadas apenas para cumprir formalidades, sem receber o apoio necessário para serem eleitas. Estudos indicam que a inclusão feminina na política resulta em políticas públicas mais abrangentes e sensíveis às necessidades de toda a população. Segundo a ONU Mulheres, países com maior representação feminina nos parlamentos tendem a adotar políticas mais progressistas em áreas como saúde, educação e igualdade de gênero.

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A falta de equidade de gênero na política e nos altos cargos corporativos perpetua a desigualdade e limita o desenvolvimento socioeconômico. A ausência de mulheres em posições de poder significa que suas perspectivas e experiências são frequentemente ignoradas na formulação de políticas e na tomada de decisões. Isso resulta em um desequilíbrio que afeta negativamente a criação de leis e iniciativas que poderiam promover a igualdade e o bem-estar social. Além disso, a equidade de gênero está diretamente ligada à prosperidade econômica. Um estudo do McKinsey Global Institute estima que a igualdade de gênero no mercado de trabalho poderia adicionar até US$ 12 trilhões ao PIB global até 2025. No Brasil, essa igualdade poderia representar um acréscimo de até US$ 850 bilhões ao PIB no mesmo período. Para entender melhor a importância da equidade de gênero, podemos olhar para países que têm alcançado avanços significativos nessa área. Na Noruega, por exemplo, uma lei de 2003 exige que as empresas tenham pelo menos 40% de mulheres nos conselhos de administração. Essa política resultou em maior representatividade feminina e melhor desempenho corporativo. Em contrapartida, países com baixa representatividade feminina enfrentam desafios econômicos e sociais mais complexos. Na Índia, onde apenas 14% dos parlamentares são mulheres, as políticas de igualdade de gênero avançam lentamente e impactam negativamente o desenvolvimento sustentável.

A equidade de gênero é essencial para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade econômica. Precisamos de políticas públicas que incentivem a participação feminina na política e de empresas que reconheçam a importância da diversidade. Promover a equidade de gênero é um desafio complexo que requer mudanças estruturais e culturais. É fundamental que continuemos a lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, onde todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas. A mudança começa agora, com cada um de nós exigindo mais das instituições e promovendo uma cultura de inclusão e respeito.

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