Produção de cana-de-açúcar está ameacada pelas mudanças no clima

Estudo mostra que o cutivo pode cair 20% até 2050

  • Por Patrícia Costa
  • 02/09/2024 11h33
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Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e líder na produção de etanol, um biocombustível que simboliza a transição para energias mais limpas

A cana-de-açúcar, protagonista da agricultura brasileira, pode enfrentar uma crise sem precedentes nas próximas décadas. Segundo um estudo publicado na Nature Climate Change, a produção dessa cultura pode cair cerca de 20% até 2050, caso as mudanças climáticas continuem no ritmo atual. Esse dado não só preocupa, mas também expõe a fragilidade do nosso modelo agrícola diante das alterações climáticas globais. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e líder na produção de etanol, um biocombustível que simboliza a transição para energias mais limpas. No entanto, o aumento das temperaturas e a irregularidade das chuvas estão transformando áreas historicamente produtivas em regiões inadequadas para o cultivo. Estados como São Paulo e Minas Gerais, que são potências agrícolas, já sentem os impactos dessas mudanças. O risco de uma queda de 20% na produção pode parecer um número abstrato, mas suas consequências serão concretas e profundas para a economia, a segurança alimentar e a política energética do país. O impacto não se limitará apenas aos produtores rurais. A redução na oferta de cana pode levar a um aumento nos preços do açúcar e do etanol, pressionando a inflação e elevando o custo de vida dos brasileiros. Além disso, a perda de competitividade do etanol em relação à gasolina poderá enfraquecer um dos pilares da nossa matriz energética, colocando em risco as metas de sustentabilidade que o Brasil assumiu internacionalmente.

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Diante desse cenário, a pergunta é: estamos preparados para enfrentar esse desafio? A resposta, infelizmente, é que ainda temos um longo caminho a percorrer. O estudo sugere que o Brasil precisa investir urgentemente em novas tecnologias agrícolas, como variedades de cana mais resistentes às mudanças climáticas e práticas de manejo que conservem melhor os recursos naturais. A Embrapa já desenvolve algumas dessas soluções, mas a escala e a velocidade necessárias para implementação são maiores do que qualquer iniciativa em curso. É fundamental que o governo, o setor privado e a comunidade científica se unam em um esforço coordenado para mitigar esses impactos. Não se trata apenas de uma questão ambiental ou agrícola e a maneira como enfrentarmos esse desafio definirá se continuaremos a ser líderes em produção agrícola e em energia renovável, ou se nos tornaremos reféns das mudanças climáticas. O caminho para uma agricultura sustentável e resiliente é longo e exige investimentos e compromissos firmes. A hora de agir é agora.

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