Últimas ararinhas-azuis que viviam na natureza testam positivo para vírus letal

O ICMBio, órgão do Ministério do Meio Ambiente, aplicou uma multa de R$ 1,8 milhão à empresa Blue Sky por ‘descumprimento de medidas de biossegurança’ na preservação de uma das aves mais raras do mundo

  • Por Jovem Pan
  • 27/11/2025 08h32
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Camile Lugarini Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) - Foto: Camile Lugarini Os sintomas incluem a alteração na coloração das penas, falhas no empenamento edeformidades no bico.

O Instituto Chico Mendes (ICMBio), uma autarquia federal brasileira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, divulgou os exames realizados nas 11 Ararinhas-Azuis (Cyanopsitta spixii) que foram recapturadas no início de novembro por suspeita de circovírus. Segundo a informação divulgada na última quarta-feira (26), todas as aves testaram positivo.

Oriundo da Austrália, o circovírus dos psitacídeos é o principal causador da doença do bico e das penas em psitacídeos (grupo de aves que inclui araras, papagaios e periquitos). A enfermidade não tem cura e mata a ave na maior parte dos casos.

Os sintomas incluem a alteração na coloração das penas, falhas no empenamento edeformidades no bico. No entanto, este vírus não infecta humanos nem aves de produção.

As aves repatriadas da Europa e mantidas no Criadouro para Fins Conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha Azul, em Curaçá/BA, foram posteriormente soltas na região em 2022.

No momento, investigações vêm sendo realizadas para conhecer a origem do vírus nas ararinhas. O próximo passo é a separação segura entre animais positivos e negativos, para garantir que as medidas de biossegurança sejam incorporadas à rotina de manejo dessas aves.

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Autos de infração

Após a detecção de circovírus em uma ararinha-azul, em maio deste ano, o ICMBio instaurou o Sistema de Comando de Incidente para gerenciar a Emergência Circovírus, cujo objetivo tem sido impedir a disseminação do vírus para os indivíduos de ararinha-azul e demais psitacídeos da região.

Após várias vistorias técnicas do ICMBio em parceria com INEMA e Polícia Federal, foi constatado que os protocolos de biossegurança não estavam sendo seguidos pelo Criadouro para fins Científico do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul.

Isso resultou na lavratura de Notificação e após contatação de seu descumprimento, culminou na lavratura de Auto de Infração em desfavor do Criadouro Ararinha Azul e de seu diretor, no valor aproximado de R$ 1,8 milhão.

Dentre as medidas exigidas, constavam a limpeza e a desinfecção diária das instalações e dos utensílios, incluindo os comedouros onde era fornecida alimentação diária às aves de vida livre, os quais se encontravam extremamente sujos, com acúmulo de fezes ressecadas.

Também foi determinada a obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual pelos funcionários, uma vez que estes foram reiteradamente flagrados utilizando chinelos, bermuda e camiseta durante o manejo dos animais.

O Criadouro, anteriormente identificado sob a denominação Blue Sky, também foi alvo de operação pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), sendo autuado em cerca de R$ 300 mil. O criadouro é parceiro da organização alemã Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, na sigla em inglês), que detém 75% das ararinhas registradas em todo o mundo.

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“Se as medidas de biossegurança tivessem sido atendidas com o rigor necessário e implementadas da forma correta, talvez a gente não tivesse saído de apenas um animal positivo para 11 indivíduos positivos para circovírus”, relata Cláudia Sacramento, coordenadora da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio, que está à frente da emergência. “O que a gente espera é que o ambiente não tenha sido comprometido, ameaçando a saúde de outras espécies de psitacídeos da nossa fauna”, comenta Sacramento.

 

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