Syriza luta contra campanha do medo e diz que Grécia seguirá no euro

  • Por Agencia EFE
  • 06/01/2015 10h07
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Ingrid Haack.

Atenas, 6 jan (EFE).- A campanha eleitoral na Grécia subiu de tom e, enquanto a pressão exterior ganhou dimensões inusitadas, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, não se cansa de repetir que em caso de uma vitória da esquerda, o país seguirá no euro e negociará com seus parceiros.

“Syriza quer transformar a Grécia na Coreia do Norte”, “Syriza levará a Grécia à quebra”, “Syriza quer trazer imigrantes ilegais para lhes dar cidadania, mas com que dinheiro?”, são algumas das frases da campanha do primeiro-ministro, o conservador Antonis Samaras, que garante estar seguro da vitória nas eleições do dia 25 de janeiro.

Das capitais europeias, especialmente Berlim, os maus presságios sobre a Grécia ressurgiram, como hipóteses de todos os tipos em caso de vitória do Syriza, alimentando assim o perigo da fuga em massa de depósitos.

“É triste ver como o primeiro-ministro ameaça e chantageia o povo com a saída do país da zona do euro”, afirmou ontem à noite Panos Kammenos, líder dos Gregos Independentes, um partido nacionalista situado à direita dos conservadores de Samaras.

Por enquanto, ainda não foram registradas grandes fugas e a redução dos depósitos bancários em dezembro corresponde ao período natalino, segundo uma porta-voz do Banco da Grécia disse à Agência Efe.

Embora o Syriza seja consciente do que pode acontecer caso se mantenham as investidas contra a bolsa e contra os bônus, a ordem no partido é argumentar que se os mercados castigam a Grécia não é por temor da esquerda, mas porque a situação econômica não melhorou.

Alguns analistas críticos afirmam, inclusive, que o programa apresentado pelo partido não tem nada de radical e lembra a social-democracia tradicional.

Em seu Programa de Salônica, apresentado por Tsipras em setembro como as diretrizes dos primeiros cem dias de governo, o Syriza sugere uma série de medidas “inegociáveis” de ajuda aos mais necessitados e para impulsionar a economia.

O aumento do salário mínimo de 684 para 751 euros, das pensões inferiores aos 700 euros, o restabelecimento do pagamento de natal e da assistência de saúde gratuita, eletricidade de graça e bônus de comida para os mais pobres, assim como um programa de habitação para os sem-teto, são alguns dos principais pontos do programa.

O custo total deste plano é de 13 bilhões de euro, que o Syriza espera obter graças ao crescimento econômico.

Fontes do Syriza disseram à Efe que fora deste programa tudo é negociável, porque muita coisa depende das conversas com os credores.

Do vocabulário do Syriza desapareceram velhas palavras de ordem como o cancelamento imediato do pagamento da dívida, a nacionalização dos bancos e a reversão de todos os programas de privatização.

Tsipras fala agora de uma negociação sobre “uma base realista” com os credores e do perdão de dívida substancial, “mas sem prejudicar a cidadania europeia e no marco das instituições europeias”.

Apesar de tudo, os temores no exterior se mantêm e Tsipras não consegue desfazer sua fama de revolucionário.

Mais do que um temor econômico para o restante da Europa, alguns analistas veem o perigo do contágio político que poderia desencadear a vitória de um partido que, em tempos de austeridade e ajustes, redescobriu os princípios do estado de bem-estar social.

A Grécia é um país que, apesar da aplicação de um draconiano programa de austeridade, com um crescimento da dívida até 177% do Produto Interno Bruto, com desemprego de 27% e que sofreu uma perda de receita de 40%, os cidadãos parecem imunes a toda campanha do medo.

Segundo uma pesquisa do instituto Palmos, realizada entre 30 de dezembro e 3 de janeiro, a esperança e as expectativas positivas para o futuro (31%) prevalecem sobre o medo (27%), enquanto uma proporção significativa (29%) diz estar dominada por sentimentos de raiva e indignação.

Em relação à possibilidade da Grécia abandonar o euro, 49% não acredita na hipótese, enquanto 14% acha isto “algo provável”.

Nesta pesquisa, o Syriza tem uma vantagem ante o Nova Democracia de 7,4%, enquanto os neonazistas de Amanhecer Dourado ocupam o terceiro posto, com 5,7%.

Outras enquetes dão ao Syriza uma vantagem de entre três e cinco pontos, e o terceiro lugar é disputado por sociais-democratas (parceiros do governo do Pasok), o novo partido de centro-esquerda To Potami (O Rio), o Amanhecer Dourado e os comunistas do KKE. EFE

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