Tailândia avalia criar área de passagem para imigrantes ilegais

  • Por Agencia EFE
  • 18/05/2015 09h21

Bangcoc, 18 mai (EFE).- O governo da Tailândia disse nesta segunda-feira que avalia criar uma área de passagem na qual os imigrantes ilegais receberiam ajuda humanitária, após a crise que explodiu neste mês na região com a aparição de várias embarcações bengalis e rohingyas.

O vice-primeiro-ministro tailandês, Prawit Wongsuwon, detalhou que não é planejado um acampamento para confinar ou manter sob controle os imigrantes ilegais, mas um lugar de passagem, segundo o jornal local “Bangcoc Post”.

Prawit adiou qualquer outra decisão sobre a crise de refugiados para reunião que Tailândia convocou em Bangcoc com representantes de vários países da região em 29 de maio próximo.

Os Estados Unidos expressaram interesse em participar e trabalhar para que sejam adotadas medidas concretas que solucionem a crise humanitária.

Entre 6 mil e 8 mil pessoas, segundo dados do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (OACDH) da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Internacional de Migrações (OIM), respectivamente, estão em navios à espera de poder desembarcar na Tailândia, Malásia e Indonésia.

Cerca de 2,5 mil de cidadãos de Bangladesh e rohingyas chegaram à Indonésia e Malásia na última semana, enquanto vários navios com centenas de imigrantes ilegais foram devolvidos a alto-mar.

O ministro sem pasta e presidente do Conselho de Segurança Nacional da Malásia, Shahidan Kassim, qualificou hoje de “injustas” as críticas vertidas contra seu país por rejeitar embarcações com imigrantes.

“É injusto que a imprensa internacional diga que a Malásia não acolhe imigrantes. O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) deve fazer as regras para enviar estes imigrantes a terceiros países, mas eles demoram muito”, disse Shahidan, segundo o jornal local “The Star”.

Shahidan assinalou que foram entregues água, comida e combustível aos navios para que continuem sua viagem, e explicou que seu governo descartou uma política de portas abertas para evitar a entrada de uma onda de imigrantes.

A Malásia tem atualmente cerca de 45 mil rohingyas donos de cartões do Acnur, de entre um total de 152 mil, segundo Shahidan.

O vice-primeiro primeiro-ministro malaio, Muhyiddin Yassin, pediu ontem a Mianmar (antiga Birmânia) que resolva sua crise interna com os rohingyas.

Os rohingyas são uma minoria muçulmana que nem Bangladesh e nem Mianmar reconhecem como cidadãos.

Além disso, esse povo se transformou em vítima de um conflito sectário que explodiu no oeste de Mianmar com a morte de uma birmanesa pelas mãos de vários muçulmanos.

Segundo o Acnur, cerca de 25 mil pessoas zarparam em navios desde Bangladesh e Mianmar durante o primeiro trimestre de 2015, o dobro do número registrado no mesmo período de 2014.

Uma minoria retorna, mas o resto prossegue em uma longa viagem não isenta de perigos.

Durante o périplo, os imigrantes dependem da boa vontade da tripulação e, quanto mais longa é a navegação, maiores são as probabilidades de surgirem problemas.

“Uma família foi golpeada até que morreu: o pai, a mãe e o filho. E depois jogaram os corpos no mar”, relatou Mohammad Amin, um rohingya de 35 anos que fazia parte das 582 pessoas que a Indonésia recuperou em 10 de maio na província de Aceh, no norte da ilha de Sumatra, e que agora são atendidas pela Organização Internacional de Migrações (OIM).

As autoridades birmanesas mantiveram hoje em Yangun uma reunião com o corpo diplomático credenciado na qual rejeitaram ser a causa da crise de imigrantes, segundo a rede de televisão “Channel NewsAsia”.

O ministro birmanês da presidência, Soe Thane, atribuiu a raiz do problema à pobreza, ao desemprego e aos traficantes de pessoas.

O governo de Mianmar ainda não confirmou sua presença à reunião de 29 de maio em Bangcoc.

A Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) também está sob uma forte pressão para que atue como bloco regional e apresente uma solução, enquanto alguns analistas comparam sua situação à enfrentada pela União Europeia no Mediterrâneo.

A Asean integra Mianmar, Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Cingapura, Tailândia e Vietnã. EFE

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