Tailândia e Vietnã não cooperam com tribunal internacional do Khmer Vermelho

  • Por Agencia EFE
  • 20/07/2015 11h06

Phnom Penh, 20 jul (EFE).- O tribunal internacional que julga no Camboja os antigos chefes do Khmer Vermelho denunciou nesta segunda-feira a falta de cooperação dos governos da Tailândia e Vietnã nas investigações.

“Até o momento, nem a República Socialista do Vietnã e nem o Reino da Tailândia cooperaram. Ambos governos não proporcionaram os documentos relevantes que poderiam ajudar na investigação”, denunciou em comunicado o magistrado Mark Harmon, do escritório de investigadores do citado tribunal.

Harmon indicou que ambos países também não “autorizaram o acesso de investigadores a determinados arquivos que contêm documentos relevantes”.

Por isso, o escritório de investigação “pediu à República Socialista do Vietnã e ao Reino da Tailândia que cumpram com os requerimentos de assistência por interesse da justiça”.

Os investigadores trabalham em dois casos que abrangem o período de 17 de abril de 1975 até 6 de janeiro de 1979, quase todo o tempo no qual o Khmer Vermelho governou o Camboja e durante o qual 1,7 milhão de pessoas morreram por causa de trabalhos forçados, doenças, crise de fome e expurgos políticas.

A primeira das investigações citadas, conhecida como Caso 003, é feita nos centros de detenção e de trabalho daquela época.

O Caso 004 contempla as ações do Khmer Vermelho contra a comunidades cham, khmer krom e as expurgos nas regiões central e noroeste.

O tribunal emitiu sua primeira sentença (Caso 001) em julho de 2010 contra Kaing Guek Eav, conhecido como “Duch”, que foi condenado a 35 anos de prisão, pena elevada em apelação à prisão perpétua, por responsabilidade na tortura e morte de mais de 12 mil pessoas na prisão que dirigiu em Phnom Penh, conhecida como Tuol Sleng o S-21.

Nuon Chea, de 88 anos, e Kieu Samphan, de 83, foram condenados em 7 de agosto de 2014 à prisão perpétua (Caso 002/01) por responsabilidade nas deportações maciças a campos de trabalho e a execução dos soldados do Exército do general Lol Nol em 1975 ordenadas pelo Khmer Vermelho.

O primeiro foi o ideólogo e irmão número dois da organização e o segundo ocupou a chefia do Estado.

Nuon Chea e Khieu Samphan, enquanto apelam a primeira pena, são julgados em outro processo (Caso 002/02) que aborda o genocídio perpetrado contra a minoria muçulmana cham e a população vietnamita, e a perseguição contra a comunidade de monges budistas.

O chefe absoluto do Khmer Vermelho, Pol Pot, faleceu na floresta cambojana em 1998, prisioneiro de seus próprios correligionários. EFE

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