Talibãs acusados de cortar dedos de 11 afegãos por votarem são mortos
Cabul, 17 jun (EFE).- As forças de segurança afegãs mataram dois dos líderes talibãs acusados de cortar o dedo marcado com tinta – o que indica que a pessoa votou – de 11 homens no sábado passado no oeste do Afeganistão, informou nesta terça-feira à Agência Efe uma fonte policial.
A operação contra os talibãs aconteceu ontem no distrito de Robat-Sangi, na província de Herat, onde dois dias antes haviam cortado o dedo dos 11 eleitores, na maioria idosos, afirmou um porta-voz da polícia local, Abdul Rauf Ahmadi.
O porta-voz afirmou, citando o testemunho das vítimas, que os insurgentes lhes pediram sarcasticamente que pedissem ao candidato em que tinham votado para que lhes devolvesse os dedos.
Um comunicado do Ministério do Interior afegão confirmou a operação contra os talibãs e revelou que os dois insurgentes mortos eram o comandante Shir Agha e um de seus oficiais de maior categoria, enquanto um terceiro ficou ferido e está retido.
Ahmadi disse que os 11 homens, que procediam da mesma cidade, foram dados ontem de alta de um dos hospitais da província.
Jornais locais e internacionais mostraram durante os últimos dias imagens dos homens no hospital, onde se lhes vê vestidos com pijama e gorro azul enquanto mostram o dedo cortado “por ir votar” enrolado em uma venda.
No entanto, embora os talibãs tinham ameaçado o povo afegão com represálias se fossem depositar seu voto no sábado no segundo turno das eleições presidenciais no país, um porta-voz insurgente negou qualquer ligação com o fato.
“O incidente está contra a política dos talibãs e só busca nos difamar. Todo aquele que tiver participado do incidente será julgado por uma corte islâmica”, asseverou à imprensa local o porta-voz talibã Yousef Ahmadi.
Durante a jornada eleitoral do sábado, os talibãs fizeram cerca de 160 ataques ao longo do país, o que provocou, segundo o governo afegão, a morte de 210 pessoas: 48 civis, 16 soldados e 146 insurgentes.
O enviado especial da ONU para o Afeganistão, Jan Kubi, arremeteu hoje em comunicado contra os “covardes ataques e assassinatos” da equipe “civil” contratada para as eleições, que tem “um papel fundamental para que os cidadãos exerçam seu direito a determinar o futuro de seu país”.
Apesar da violência e das ameaças dos talibãs, a votação registrou uma alta participação, com 7 milhões de eleitores dos quase 12 milhões de eleitores recenseados, de acordo com a Comissão Eleitoral afegã.
A votação enfrentou o ex-líder da resistência antitaliban Abdullah Abdullah e o tecnocrata Ashraf Gani, os dois candidatos que conseguiram o maior número de votos no primeiro turno em 5 de abril, enquanto outros seis aspirantes foram eliminados. EFE
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