Talibãs libertam 20 xiitas afegãos da minoria étnica hazara

Cabul, 28 mar (EFE).- Os talibãs libertaram 20 xiitas da minoria étnica hazara no centro do Afeganistão, enquanto continua a busca por outros 31 membros da etnia sequestrados há um mês no sul, segundo informaram fontes da polícia neste sábado.

Os 20 xiitas sequestrados no domingo passado na província central de Daikondi foram libertados na tarde de ontem e hoje foram levados até suas residências sãos e salvos, conforme afirmou o chefe de polícia regional, Jumagul Birdi.

A fonte informou que o fim do cativeiro ocorreu sem nenhum tipo de concessões aos talibãs. Os raptados eram na maioria merceeiros e motoristas e tinham saído da província de Kandahar, no sul, rumo a Daikondi, na parte central do país islâmico, onde fica grande parte da população da etnia hazara.

Os talibãs alegaram nesta semana que os xiitas não tinham sido capturados, mas “detidos por razões de segurança” devido a confrontos na região.

O chefe de polícia da província meridional de Zabul, Ghulam Jailani Farahi, disse que “continuam os esforços” para resgatar os outros 30 xiitas raptados no fim de fevereiro nessa região afegã.

Algumas autoridades locais atribuíram o sequestro ao grupo insurgente Estado Islâmico (EI). Em fevereiro mês ocorreram vários sequestros de xiitas, com pelo menos outros dois incidentes desse tipo nas províncias de Ghazni (sul) e Herat (oeste).

A legisladora afegã Shireen Muhsseni, pertencente à minoria hazara, disse à Efe nesta semana que se preocupa pelo medo que esses incidentes espalharam entre os membros da comunidade hazara, que agora se mostram desconfiados a respeito de viagens.

“Parece que alguns grupos armados querem estabelecer os fundamentos para que haja disputas entre os cidadãos sunitas e xiitas do país”, disse Muhsseni, que também pediu a intervenção do Executivo a respeito da situação.

Em um país predominantemente sunita, os muçulmanos xiitas representam menos de 20% da população e são principalmente membros da comunidade hazara, etnia à qual pertence 9% dos afegãos. EFE