Talibãs paquistaneses censuram seu porta-voz por apoiar o Estado Islâmico
Islamabad, 21 out (EFE).- O principal grupo talibã paquistanês, o Tehrik-el-Taliba Paquistão (TTP), anunciou nesta terça-feira a censura a Sheikh Maqbool como porta-voz da organização depois de ele declarar apoio ao Estado Islâmico (EI) na semana passada.
Rehman Shah, porta-voz do governo das Áreas Tribais sob Controle Federal (FATA), zona onde se refugiam os insurgentes, disse à agência Efe que Maqbool foi substituído por outro “irmão” talibã, segundo um comunicado do grupo divulgado na internet.
O até agora porta-voz do TTP atuava sob o pseudônimo Shahidula Shahid, um “nome de guerra” reservado ao porta-voz do grupo e que Maqbool já não está autorizado a utilizar após a censura.
“Sheikh Maqbool não é Shahidula Shahid”, sentenciaram os talibãs no comunicado, publicou o jornal local “Dawn”.
Maqbool declarou há uma semana que a partir daquele momento seguiria “todas as instruções do líder do EI, Abu Bakar al Baghdadi”.
No anúncio, realizado junto com outros cinco chefes do TTP, ele garantiu que o apoio de Maqbool ao EI não tem nada a ver com o grupo talibã.
Não se sabe se a punição se estendeu para os cinco chefes do TTP das áreas de Orakzai, Khyber Pakhtunkhwa, Kurram Agency, Hangu e Peshawar que corroboraram a proposta de Masbool.
No início do mês a organização paquistanesa anunciou sua aliança com o EI, mas Maqbool a negou no dia seguinte afirmando que o TTP só “é leal a Amir-ul Momineen (título que ostenta o Mulá Omar, líder dos talibãs afegãos)”. E afirmou então que “não cogitam abandoná-lo”.
Criado em 2007, o TTP é um guarda-chuva de diferentes tribos, e tem vivido nos últimos meses lutas internas pelo poder do grupo, o que provocou uma cisão na organização.
O grupo talibã esteve por trás da maior parte dos milhares de atentados terroristas do Paquistão nos últimos anos.
O EI tentou, com pouco sucesso, se expandir pelo Sul da Ásia, um zona dominada pelos movimentos talibãs que lutam contra os governos do Paquistão e do Afeganistão.
O anúncio realizado por estes seis chefes foi feito um mês depois de o líder da Al Qaeda, Ayman el Zawahiri, anunciasse a formação de uma filial da rede terrorista no subcontinente indiano, um movimento que os analistas consideraram defensivo diante do maior poder de atração do EI para os novos recrutas. EFE
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