Mercado de tecnologia precisa mudar e dar mais espaço às mulheres

Para especialista, fator cultural ainda tem peso forte, mas, no caso específico do Brasil, faltam incentivos para que as disciplinas de exatas sejam mais procuradas

  • Por Conteúdo Patrocinado
  • 05/04/2022 16h05
Freepik mulheres desenvolvedoras de software de jogos criando interface de jogo sentadas na agência criativa Hoje, apenas 24% dos postos de trabalho na área de computação são preenchidos por mulheres, número que cresceu apenas 2% nas últimas duas décadas

Ao longo da história, foram muitos os momentos em que mulheres determinadas a superar barreiras culturais, sociais e econômicas se tornaram peças-chave para revoluções tecnológicas que determinaram novos rumos para o mundo. Essas mulheres, figuras que se projetavam além de seu tempo, desempenharam papel fundamental, mas tiveram espaço mínimo nos livros de história. Infelizmente. Ada Lovelace, criadora do primeiro programa de computador, Annie Easley, cientista de foguetes da NASA, e Cecilia Payne, astrônoma que mostrou que o Sol é composto primariamente de hidrogênio, são três exemplos cujos nomes se tornaram símbolos do reconhecimento devido e necessário às mulheres da tecnologia. Elas são — ou pelo menos deveriam ser — inspiração para as jovens que hoje ingressam em carreiras ligadas à computação, entre outras.

Há algumas décadas — e essa viagem no tempo não precisa ser muito longa —, ao entrar numa sala de aula em uma universidade, a chance de encontrar uma garota sentada entre os estudantes numa classe de ciência ou tecnologia seria praticamente zero. Eram bem poucas ou nenhuma, a depender do lugar. Felizmente esse cenário se transformou nos últimos anos e mais mulheres têm ingressado em carreiras de tecnologia. Ainda que tímido, o despertar feminino para áreas como engenharia, física, ciências da computação, entre outras, revela que há um potencial enorme para ser explorado. Enorme mesmo: hoje, apenas 24% dos postos de trabalho na área de computação são preenchidos por mulheres, número que cresceu apenas 2% nas últimas duas décadas.

A futurista Martha Gabriel é voz ativa nesse debate sobre a presença feminina na indústria de tecnologia, e reconhece que existem obstáculos importantes para serem superados. Na avaliação dela, o fator cultural tem um peso ainda muito forte, mas não é só isso. Segundo ela, no caso específico do Brasil, faltam incentivos para que as disciplinas de exatas sejam mais procuradas pelos jovens — tanto mulheres como homens — e a falta de estímulo recai sobre a já tímida presença das garotas na tecnologia.

Diversidade que gera inovação

O debate sobre diversidade alcançou uma dimensão importante na sociedade em que vivemos. Não há mais como ignorar os efeitos positivos para as pessoas e para os negócios. Visões de mundo distintas e origens culturais e sociais diferentes são elementos que potencializam o ambiente de inovação. Enquanto para algumas organizações essa noção é clara, outras ficam apenas no discurso sobre diversidade. Esse é o maior empecilho para que as mulheres conquistem mais espaço no mercado de trabalho. Segundo estudo do Boston Consulting Group, para que os indicadores comecem a apontar maior presença feminina nos postos de trabalho ligados à tecnologia, é preciso que a transformação cultural das empresas ocorra. E isso só acontece de dentro para fora. Enquanto houver poucas mulheres em cargos de liderança, por exemplo, o caminho para aquelas que estão ingressando no mercado será ainda bastante difícil.

É urgente que que o mercado se organize para impulsionar a transformação cultural das empresas. Nesse sentido é que surgem iniciativas como o Women in Tech, da Huawei, um amplo programa de formação que está auxiliando na eliminação das barreiras que afastam as mulheres da tecnologia. Mesmo diante de um cenário mais otimista no que diz respeito ao ingresso de mulheres no mercado de tecnologia, ainda estamos distantes da eliminação completa das barreiras culturais e sociais que, em alguns casos, são insuperáveis. Apenas 17% dos fundadores de startups brasileiras são gênero feminino, segundo o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups, realizado pela Abstartups.

Embora o número de fundadoras tenha evoluído dos 12,6% registrados na edição anterior do estudo, em 2020, é inegável que a maior presença feminina no ecossistema de startups poderia diminuir vieses encontrados em produtos e soluções ofertados por essas empresas, além de abrir portas para mais mulheres. Por isso, é preciso destacar o papel fundamental que profissionais como a cientista da computação Nina da Hora e a UX designer Karina Tronkos (mais conhecida como Nina Talks) desempenham. Elas são duas jovens que ingressaram na área de tecnologia e hoje simbolizam a conquista deste espaço pelas mulheres. Além de reconhecidas pela comunidade e pelo mercado, elas são incentivadoras de maior diversidade nas empresas e nos cursos de tecnologia e servem, assim como as pioneiras citadas no início deste texto, de inspiração para as meninas que querem entrar nesse mercado.

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