Teleassistência espanhola está a serviço de idosos no Brasil
Eduardo Davis.
São Paulo, 22 mar (EFE).- A tecnologia de teleassistência, que foi desenvolvida na Espanha desde os anos 80, começa a ser implantada agora no Brasil, que atualmente tem cerca de 15 milhões de idosos, cada vez mais vivendo sozinhos.
“Queremos ser seu anjo da guarda e dar apoio, amparo e tranquilidade, mas também aos familiares”, explicou à Agência Efe Bertrand Douet, diretor da empresa Acto, pioneira dos serviços de teleassistência no Brasil e que tem como sócio tecnológico o Grupo Neat, da Espanha.
O Neat, que começou a desenvolver o serviço de teleassistência na Espanha em 1988, opera também na Alemanha, Argentina, Austrália, Suécia, Suíça e outros 20 países, e pôs a serviço da Acto a tecnologia de telecomunicações desenvolvida nas duas últimas décadas.
A empresa começou a operar no Brasil em janeiro a partir de um centro piloto instalado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, mas já espera ampliar sua presença para outras cidades do país.
Os planos do grupo Acto já foram apresentados para o Ministério da Saúde e a dezenas de municípios paulistas, que manifestaram interesse em incorporá-lo aos programas sociais.
Também foi fechado um acordo com o Hospital Sírio Libanês de São Paulo, que é referência em tratamento contra o câncer, para facilitar o processo de alta de muitos pacientes que passaram por tratamentos oncológicos.
“Os pacientes passam a ser acompanhados pelos operadores do serviço de teleassistência e podem retornar antes para suas casas”, explicou Douet.
“Isso diminui os riscos de infecção hospitalar e o tempo de internação, assim como os custos para os próprios hospitais e para os pacientes”, acrescentou.
Os usuários são equipados com dispositivos de telecomunicações que podem colocá-los em contato imediatamente com uma central de atendimento e alertar sobre problemas de saúde ou qualquer episódio doméstico, como um vazamento de gás e até um assalto.
Segundo dados oficiais, o Brasil tem hoje 15 milhões de pessoas com mais de 65 anos, mas as projeções apontam que essa faixa da população mais que dobrará até 2020, quando deve chegar aos 34 milhões e aos 48 milhões em 2030.
Um estudo divulgado em 2011 pelo IBGE revelou outra preocupação com a “terceira idade”: cerca de cinco milhões de pessoas vivem completamente sozinhas.
“Elas não têm apenas necessidades médicas, mas muitas vezes precisam conversar com alguém e serem ouvidos escutados, para o que a teleassistência também serve”, comentou Douet.
“É um atendimento personalizado, oferecido por pessoal especializado no tratamento de idosos, e que supera as barreiras da assistência médica, para ser um tipo de consultório psicossocial”, detalhou.
Como exemplo, disse que no centro de Ribeirão Preto foram recebidas chamadas de usuários que quiseram compartilhar desde “a última poesia que tinham lido até a preocupação com algum problema de saúde, não deles mesmos, mas de um animal de estimação”.
“Os telefonistas estão preparados para atender aos idosos também nessas situações, com a paciência e o carinho que muitas vezes sentem falta”, comentou Douet.
Além disso, são traçados perfis individuais dos usuários e se eles desejarem, podem até receber um telefonema para “lembrá-los que devem tomar remédio na hora ou que vai começar seu programa favorito na televisão”, concluiu. EFE
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