Temer afirma que escândalo de corrupção não afetará agenda de reformas
O presidente Michel Temer afirmou em entrevista à Agência Efe que a crise política deflagrada no país por graves escândalos de corrupção não afeta sua agenda de reformas, que de acordo com ele permitirá a recuperação da economia de uma profunda recessão.
Temer fez um detalhado relato sobre as reformas já aprovadas, entre as quais a do teto para o aumento dos gastos públicos durante as próximas duas décadas, e falou sobre as que ainda estão em trâmite.
Entre estas últimas, o presidente destacou a “fundamental” importância da reforma trabalhista e a que visa impor a idade mínima para a aposentadoria.
“Nós estamos, digamos assim, desburocratizando um pouco o setor trabalhista, até com o objetivo de gerar empregos”, afirmou Temer, que reconheceu que essas reformas não se traduzem em um maior apoio a sua gestão, que segundo as pesquisas de opinião conta apenas com índice de aprovação em torno de 10%.
Segundo o presidente, essa baixa aceitação se deve a sua gestão não ser guiada por “atos populistas”, que ele definiu como ” irresponsáveis, porque eles produzem um bom efeito amanhã, mas um desastre depois de amanhã, que foi o que aconteceu no passado”, em clara alusão ao governo de sua antecessora, Dilma Rousseff.
A ex-presidente sofreu impeachmente em agosto do ano passado por crime de responsabilidade pelas chamadas “pedaladas fiscais”. Temer, que era o vice-presidente, assumiu o poder, conforme disse na entrevista, com o Brasil em uma “recessão profunda” e um “desemprego monumental”.
O presidente quis diferenciar “o ato populista do popular”, alegando que adota este último ocorre “em benefício do povo e demanda um certo período para ser reconhecido”.
Temer indicou que, nos 11 meses em que está na presidência, a economia começou a reagir e que o desemprego, que afeta hoje cerca de 13 milhões de brasileiros, começou a diminuir, embora tenha admitido que em ritmo muito lento.
O governante destacou a importância da reforma da lei de aposentadorias para, segundo ele, “salvar” um sistema que acumula um déficit multimilionário que põe en risco sua própria existência e pelo que representará en termos de confiança.
Temer explicou que, em parte graças ao impacto gerado por sua agenda de reformas, a inflação caiu dos 10,67% registrados em 2015 para 4,5% em 2016, e disse que a taxa fechará 2017 em torno de 4%, abaixo do centro da meta.
O presidente também ressaltou que a taxa Selic caiu “sensivelmente”, do patamar de 14,25% em que estava, e se aproxima de “um dígito”, o que ele define como essencial para a recuperação do ritmo de investimentos, assim como os programas de privatizações e concessões.
Outros indicadores que Temer usou para citar a recuperação da confiança são o prêmio de risco do país, que caiu nos últimos meses de 575 pontos para 280, e a melhora da nota anunciada por agências de classificação de risco como a Moody’s.
Temer apontou que essa melhora da classificação engloba também grandes empresas do país, como a Petrobras, que está no centro da vasta rede de corrupção investigada pela operação Lava Jato.
“Dou o exemplo da Petrobras, que há um ano e meio atrás, mais ou menos, era quase uma palavra condenada, para não dizer uma palavra feia. Hoje, a Petrobras recuperou-se no mercado de modo que, neste período de dez meses, mais ou menos, as ações foram de zero para 145% como valor de mercado”, disse.
Entre os novos investimentos que espera que cheguem ao Brasil, ele afirmou contar com os que possam vir da Espanha, segundo país que mais investe no país, atrás apenas dos Estados Unidos, e cujo presidente, Mariano Rajoy, será recebido por Temer em Brasília na segunda-feira.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.