Tensão na Ucrânia desvia foco no início da cúpula do G20

  • Por Agencia EFE
  • 15/11/2014 11h38
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Jordi Calvet.

Brisbane (Austrália), 15 nov (EFE).- Os líderes do G20 advertiram a Rússia com novas sanções por sua ingerência no leste da Ucrânia, na cúpula que começou neste sábado na Austrália com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico e a criação de empregos.

O presidente russo, Vladimir Putin, chegou ontem à noite a Brisbane pouco depois de o exército ucraniano repelir outra tentativa dos rebeldes pró-Rússia de tomar o controle do aeroporto de Donetsk, cidade no leste da Ucrânia controlada pelos separatistas.

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que esta nova escalada militar é da “máxima preocupação” e, apesar de a União Europeia (UE) continuar acreditando em uma solução política para o conflito, também fez uma advertência a Moscou.

“Vamos seguir utilizando todas as ferramentas diplomáticas, incluindo as sanções, à nossa disposição”, disse Van Rompuy antes de começar a cúpula.

O belga pediu à Rússia que utilize sua influência sobre os rebeldes para garantir o cumprimento dos acordos de Minsk, a conter o fluxo de armas e tropas em direção à Ucrânia a partir de seu território e a retirar as que tem em Donbass.

“A Rússia ainda tem a oportunidade de cumprir os acordos de Minsk e escolher o caminho de conter a escalada (dos confrontos), o que permitiria a retirada de sanções. Se não for assim, estamos preparados para considerar ações adicionais”, disse.

Van Rompuy evitou dar mais detalhes sobre essas sanções, à espera, segundo disse, de que os ministros das Relações Exteriores da UE viajem na segunda-feira à Ucrânia para analisar a situação no local e discutir os próximos passos.

A advertência de sanções por parte de Bruxelas se seguiu à feita ontem pelo primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que qualificou a ação da Rússia na Ucrânia de “inaceitável”.

“As sanções podem ser suspensas se a Rússia adotar uma atitude positiva com a Ucrânia (…) as sanções poderiam ser incrementadas se a Rússia continuar a fazer com que a situação piore. É simples assim”, afirmou Cameron.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se uniu às críticas à Rússia em um discurso em uma universidade de Brisbane, no qual lembrou o caso do avião malaio derrubado por um míssil na Ucrânia com 298 passageiros a bordo, entre eles 38 cidadãos australianos.

“Nos opomos à agressão da Rússia contra a Ucrânia, que é uma ameaça para o mundo como vimos na espantosa derrubada do (voo) MH17, uma tragédia que acabou com muitas vidas inocentes, entre elas australianas”, disse Obama.

O primeiro-ministro da Austrália e anfitrião da cúpula, Tony Abbott, denunciou que a Rússia se comporte como um “pistoleiro” em relação a países menores e revelou que há poucos dias em Pequim tentou dissuadir Putin de perseguir as velhas glórias do czarismo e da União Soviética.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por outro lado, pediu a Estados Unidos, UE e Rússia para aproveitarem a cúpula do G20 para dialogar para prevenir uma nova escalada do conflito.

“O que deveriam fazer é sentarem juntos para abordar este problema de forma harmônica e pacífica através do diálogo”, disse Ban, para quem a continuidade do conflito, não só representa uma ameaça para a paz e a segurança, mas também para a economia mundial.

A presença de Putin em Brisbane, além da de quatro navios de guerra russos no nordeste da Austrália, obscureceu o debate sobre o crescimento econômico, objetivo principal do grupo nesta cúpula.

Abbott se mostrou confiante em conseguir o crescimento adicional de 2% acima das previsões que o G20 pretende conseguir nos próximos 5 anos, além de fomentar a criação de emprego.

“Sim, nosso mundo pode crescer e, sim, nosso mundo pode criar os empregos que as pessoas querem”, disse Abbott no discurso de abertura da cúpula.

Os países-membros do G20 representam 85% do PIB mundial, 80% do comércio global e têm dois terços da população total.

O G20 conta, entre seus membros, com Brasil, União Europeia e G7.

Além disso, a Austrália convidou a vizinha Nova Zelândia às reuniões, e a Espanha participa como convidada permanente desde 2010. EFE

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