Terremoto lembra ameaça do “Big One” no oeste dos EUA
Fernando Mexía.
Los Angeles (EUA), 17 mar (EFE).- Vários moradores em Los Angeles, no oeste dos Estados Unidos, acordaram assustados nesta segunda-feira já que às 6h25 (horário local) um terremoto aparentemente inofensivo voltou a ser notícia a ameaça sísmica existente na Califórnia.
O movimento foi de pouca magnitude, 4,4 graus na escala Richter, e aconteceu a uma profundidade comum (oito quilômetros), segundo informou à Agência Efe o professor Jean-Paul Ampuero, do Laboratório Sismológico do Instituto Tecnológico da Califórnia.
O terremoto se originou sob as montanhas de Santa Mônica, uma região que até agora era tranquila neste sentido, a menos de 16 quilômetros de áreas como Bel Air, Beverly Hills, Burbank e Santa Mônica. O fato deixou uma impressão generalizada na população de que se tratava de um grande terremoto.
As tabelas de intensidade sísmica do Serviço Geológico dos EUA (USGS) indicam que nos pontos mais próximos ao epicentro a percepção do tremor pode chegar a ser “forte”, embora os danos sejam “ligeiros”.
A intensidade experimentada por alguns cidadãos foi publicada em vários jornais das cadeias de televisão do local que após o fato se transformar em vídeos virais nas redes sociais.
Na emissora “KTLA”, os apresentadores foram parar debaixo da mesa para se proteger, como recomendam as autoridades. Já no estúdio da “FOX”, onde as vibrações foram mais perceptíveis, os repórteres ficaram paralisados.
A USGS confirmou que se trata da maior magnitude de um terremoto produzido na região desde o tremor de 5,5 graus de 29 de julho de 2008 com epicentro em Chino Hills, ao nordeste de Los Angeles.
O terremoto desta segunda-feira não deixou rastro de danos pessoais nem materiais e foi seguido por várias réplicas menores.
Desde 1 de maio do ano passado, a USGS registrou na Califórnia mais de dois mil terremotos, 99,5% dos quais foram de menos de 4 graus na escala Richter. O mais forte aconteceu no dia 9 a 80 quilômetros do litoral norte do estado e teve magnitude de 6,8.
Há 20 anos, o sul da Califórnia sacudiu no último terremoto com capacidade destrutiva. Em 1994, Northridge, ao nordeste de Los Angeles, tremeu e deixou 57 pessoas mortas e mais de US$ 20 milhões em danos.
A lembrança da tragédia fez com que as autoridades prestassem atenção ao estado dos edifícios em municípios como Los Angeles, onde se publicou uma lista na qual se avaliava o risco de colapso de 1.500 imóveis, e em Santa Mônica, onde se estuda um plano de choque para prevenir desabamentos por tremores.
“O terremoto de hoje é para lembrar que outro maior pode acontecer a qualquer momento”, disse Ampuero, que descartou que a falha nas montanhas de Santa Mônica represente uma ameaça.
“Não é tão longa como a de São Andrés. Um terremoto de magnitude 8 não cabe nessa falha”, assegurou.
A Cruz Vermelha dos EUA informou à Agência Efe que após o terremoto em Los Angeles o número de venda de bolsas com materiais de primeiros socorros aumentou em seu site. A Efe verificou que em alguns momentos esse kits apareciam como esgotados.
“O estoque estava baixo, mas encomendamos mais”, indicou a organização.
Os sismólogos consideram que há uma probabilidade de 9% que o “Big One”, um gigantesco terremoto de magnitude 7,8 ou superior e grande capacidade de destruição com origem na falha de São Andrés, afete ao sul da Califórnia nos próximos 30 anos.
As estimativas oficiais indicam que esse tremor causaria de forma direta duas mil mortes e 53 mil feridos, assim como o colapso de 1.500 edifícios, entre eles arranha-céus, e danos consideráveis em 300 mil imóveis.
Esses números poderiam ser duplicados nos dias posteriores ao terremoto por culpa da insegurança, os previsíveis problemas de provisão de energia, de água e de alimentos, mas, principalmente, dos incêndios.
O material principal de construção na região é uma pasta ou aglomerado de madeira, mais flexível que o concreto na hora de absorver vibrações, mas inflamável. As chamas poderiam se propagar com rapidez, como ocorreu no terremoto que arrasou São Francisco em 1906 e no qual morreram mais de três mil pessoas. EFE
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