Terrorista de Nice se radicalizou muito rápido, diz ministro do Interior

  • Por EFE
  • 16/07/2016 14h40
Reprodução Mohammed Boulhel

O ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, disse neste sábado que o tunisiano Mohammed Boulhel, autor do massacre que deixou 84 mortos na quinta-feira em Nice, no sul do país, se “radicalizou muito rápido”.

Em declarações feitas após uma reunião interministerial no Palácio do Elizeu e de um encontro com os ministros de Defesa e Segurança do país, Cazeneuve afirmou que a conclusão é baseada nos depoimentos de pessoas próximas a Boulhel.

Para o ministro, a forma que o tunisiano usou para realizar o crime – atropelar pessoas com um caminhão durante a celebração do Dia da Bastilha, principal festa nacional francesa – é nova porque, “embora tivesse uma pistola, não tinha armas de grande poder de destruição nem explosivos”.

Sua atuação, segundo Cazeneuve, mostra “a extrema dificuldade da luta antiterrorista, porque estamos diante de indivíduos sensíveis às mensagens do Estado Islâmico, que perpetram ações extremamente violentas sem necessariamente ter combatido, ter sido treinados ou disporem, de armas para cometer crimes maciços”.

“Estamos perante um novo desafio”, disse o ministro.

Uma das cinco pessoas que estão sendo interrogadas para determinar se Boulhel teve cúmplices disse que ele tinha se radicalizado muito recentemente, segundo a emissora “BFMTV”. A testemunha revelou que, nas últimas semanas, o autor do massacre tinha mostrado posições extremistas e deixou a barba crescer.

Entre os cinco que estão prestando depoimento há duas pessoas que foram presas ontem – uma delas a ex-mulher de Boulhel – e outras três detidas hoje. O trio foi capturado depois de a Polícia verificar o celular que foi encontrado na cabine do caminhão.

Cazeneuve concedeu entrevista acompanhado pelo porta-voz do governo e ministro da Agricultura, Stéphane Le Foll, e do ministro de Defesa, Jean-Yves Le Drian.

Le Drian afirmou que mentes como a do terrorista de Nice foram “debilitadas” pelas constantes mensagens lançadas pelos terroristas do EI, que embora não organize esse tipo de crime, sim “insufla esse espírito terrorista”.

Há várias semanas, lembrou Le Drian, o grupo jihadista tem repetido “que iria atacar diretamente e inclusive individualmente franceses, principalmente, americanos, através de qualquer meio”.

O titular da Defesa recalcou que, como ocorreu em outras ocasiões, o EI reivindicou posteriormente a autoria do massacre.

Neste último caso, a agência de notícias “Amaq”, vinculada aos jihadistas, afirmou hoje que um “soldado” do EI é o autor desse atentado, o pior na Europa em 2016 e oito meses depois do que em novembro tirou a vida de 130 pessoas.

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