Terrorista tomou celular de vítimas e citou EI em ligações durante ataque, relata sobrevivente
Neste sábado, o maior ataque a tiros da história dos Estados Unidos completa uma semana. O atentado à boate Pulse levantou temas que são polêmicos na sociedade americana.
Em visita de solidariedade às vítimas nesta quinta-feira, o presidente Barack Obama disse que a política americana conspira para que um terrorista ou sujeito perturbado compre uma arma legalmente no país.
Os discursos continuam após a tragédia e quem sobreviveu tenta retomar a rotina normal. A Jovem Pan conversou nesta quinta-feira com um sobrevivente do ataque: Orlando Torres, que promove muitas festas na Pulse.
Orlando é americano, tem 52, trabalha como motorista de Uber em Orlando e não se esquece do momento em que os tiros começaram, quando ele estava no banheiro da boate.
“Eu ouvi os primeiros tiros, eu estava no banheiro com uns amigos e eles disseram que provavelmente era a música ou efeitos sonoros, de repente atiraram de novo e falei ‘não vamos sair daqui, está ocorrendo um tiroteio lá fora”, conta.
Orlando ainda relata que esteve a apenas alguns metros do atirador, Omar Mateen, responsável pela morte de 49 pessoas. “Ele chegou atirando no banheiro.. Eu estava em uma das duas cabines, mas ele atirou na outra que tinha umas nove pessoas dentro. Depois ele saiu e voltou para a pista. Falei para as pessoas se acalmarem, mas com o barulho, o atirador voltou, entrou no banheiro e pediu de forma educada: por favor não mandem mensagens. Ele acabou pegando todos os celulares, inclusive o meu”.
Omar Siddiqui Mateen, o terrorista abatido pela SWAT (Reprodução/Facebook)
Orlando afirma que dentro do banheiro, o atirador passou a fazer ligações. Em todas elas, gritava “A América precisa parar de bombardear o Estado Islâmico”.
Pergunto se ele já tinha visto Omar Mateen na boate anteriormente, como foi relatado nesta semana por outros frequentadores do lugar. “A boate fica aberta seis dias por semana, cada noite tem uma festa temática com diferentes tipos de público. Eu não sei em qual noite ele compareceu na boate, eu nunca tinha visto ele antes”, responde.
O sobrevivente confirma a informação do prefeito de Orlando de que o atirador ameaçou amarrar bombas nos reféns. Ele conseguiu sair do lugar após a polícia derrubar a parede do banheiro, que dava para fora do lugar.
Comunidade gay
Para lidar com a vida após uma tragédia, Orlando Torres afirma que a comunidade gay está mais forte. “Aqui todos da comunidade gay se conhecem. O que aconteceu não vai parar a gente. Nós somos fortes, isso poderia acontecer com qualquer um, infelizmente atingiu a comunidade gay e linda cidade de Orlando”.
Nesta quinta-feira (16), a investigação concluiu que durante o ataque, o atirador fez postagens na internet e ligou para a sua esposa. Ele escreveu em mensagens que Estados Unidos e Rússia precisavam parar de bombardear o Isis e perguntou à esposa se ela já tinha visto as notícias.
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