Tia de Aylan pede aos líderes europeus resposta humana à crise

  • Por Agencia EFE
  • 14/09/2015 10h59

Bruxelas, 14 set (EFE).- Fátima Kurdi, a tia de Aylan, o menino sírio que morreu afogado nas praias da Turquia e cuja fotografia se transformou em símbolo da crise dos refugiados, esteve nesta segunda-feira em Bruxelas para fazer um pedido para que a União Europeia adote um plano “efetivo e humano” que acabe com esta crise.

“Os países europeus, o mundo inteiro, devem unir suas mãos para iniciar um plano comum que permita agir e ajudar esses refugiados, esses desesperados refugiados”, declarou Kurdi na praça Schuman, que fica em frente ao Conselho da UE, onde se reúnem hoje de forma extraordinária os ministros de Interior da União Europeia.

“É tarde para salvar Aylan, seu irmão Galip e sua mãe Rehan, mas não é tarde para salvar outros milhões de refugiados que estão ali esperando ajuda”, acrescentou Kurdi entre lágrimas.

Fátima Kurdi viajou para Bruxelas para entregar à Comissão Europeia um pedido público, em conjunto com a ONG Avaaz, para que os governos iniciem um plano que permita acabar com a crise de refugiados.

“Trata-se do maior pedido popular da história sobre o tema dos refugiados, com mais de 1,2 milhão de assinaturas”, contou à Agência Efe o diretor de campanha da Avaaz, Luis Morago.

Com a entrega deste pedido, a ONG espera que os governos europeus deem um passo à frente e aprovem um plano sobre refugiados que seja “integral, humano e que esteja à altura da magnitude da crise”.

Além de entregar o pedido à Comissão, a ONG Avaaz colocou um cartaz de boas-vindas aos refugiados na praça.

A ONG também realizou uma pequena representação em que um boneco com o rosto de Angela Merkel cortava uma cerca de arame que outro, com o rosto do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, tinha colocado.

“A construção de cercas de pontas agudas e de arames não é uma solução, é uma vergonha”, declarou Morago, para quem a resposta dos líderes europeus chegou “tarde e mal organizada”.

“Os cidadãos estão pedindo aos lideres que em vez de emitir uma sentença de morte para toda essa gente que está fugindo da guerra e da fome joguem um salva-vidas”, indicou.

A tia do pequeno Aylan aproveitou para esclarecer a polêmica levantada com o governo canadense, que teria negado asilo ao pai de Aylab.

Fatima explicou que o governo canadense nunca negou a permissão de asilo a Abdullah, o pai de Aylan, mas ao seu irmão mais velho, Mohammed, que estava nas mesmas condições dele.

“Quando vi que tinham rejeitado o pedido do meu irmão mais velho disse a Abdullah que não havia esperança de o governo canadense ajudá-los”, contou.

Aylan Kurdi, de três anos, que vivia na cidade curda de Kobani, morreu quando tentava chegar junto com seu irmão e seus pais à Grécia, fugindo do conflito na Síria.

A família Kurdi escapou da cidade curda de Kobani, sitiada durante meses pelo grupo jihadista Estado Islâmico.

Os corpos do pequeno, de seu irmão Galip, de cinco anos, e da mãe deles, Rehan, foram encontrados na praia turca de Bodrum após a embarcação em que viajavam naufragar. EFE

gcl/cd

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