Tiririca é o palhaço (profissional) mais bem sucedido da política
O eleitorado paulista autorizou um segundo mandato de Tiririca (PR) como deputado federal com mais de um milhão de votos na eleição de 2014. Foi o segundo mais votado atrás somente de Celso Russomanno (PRB). Diferente da primeira campanha em que fazia chacota dos políticos, o palhaço seguiu assíduo nas sessões da Câmara federal e foi até enaltecido por ter comparecido em 100% dos encontros realizados entre 2011 e 2014 pelo site especializado Congresso em Foco.
Nenhum projeto defendido pelo legislador, porém, foi aprovado pelos colegas em Brasília. Tiririca tampouco subiu à tribuna para defender suas colocações. Com destaque, houve iniciativas em prol da população circense, como a inclusão de trailers e motor homes no Programa Minha Casa, Minha Vida, criação de um “Vale-livro” e “Bolsa-alfabetização” para maiores de idade.
Outros palhaços não tiveram a mesma sorte que Tiririca, consagrado pelo bordão do “pior que está não fica”. Atrações do SBT, Batoré, Buiui e Marquito, também se arriscaram no Poder.
Marquito (PTB) conseguiu um gabinete na Câmara de São Paulo após o vereador eleito, Celso Jatene (PTB), ser escolhido como secretário do prefeito Fernando Haddad (PT) antes mesmo da posse. Suplente da coligação, o humorista emplacou alguns projetos sem grande importância e foi um dos que propossueram a instalação do transporte noturno na cidade, medida aprovada em 2013 no Legislativo paulistano. Também destaque da atuação política do bobo da corte do Programa do Ratinho foi o batismo de uma área em Itaquera em homenagem ao humorista mexicano Roberto Bolaños.
A vida política de Batoré, no entanto, não tem tanta graça e o comediante-político enfrenta problemas na Justiça. Reeleito vereador pela cidade de Mauá, na Grande São Paulo, em 2012, o ex-Praça É Nossa perdeu o mandato acusado de infidelidade partidária em junho de 2014. Eleito pelo PP, ele transferiu-se para o PRB alegando “perseguição política”, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) determinou que ele deixasse o cargo. O artista tenta reverter a situação em instância superior.
Meses antes, o humorista já tinha sido afastado do cargo após uma ação de improbidade administrativa apresentada pelo Ministério Público. Ex-assessores de Batoré, que atuaram no gabinete e também em cargos indicados na Prefeitura, procuraram a Promotoria em 2012 para relatar que o vereador ficava com 50% dos vencimentos, além de além de cobrar, integralmente, benefícios como 13º salário, vale-alimentação e a restituição de imposto de renda. Mesmo com as restrições, ele concorreu ao cargo de deputado federal com um bordão anti-petista para alavancar votos. Conseguiu os insuficientes 4.672 votos.
Outro ator do humorístico do SBT também tentou carreira política na região do Grande ABC. Sob o nome político de Buiui da Praça (PMN), Edvan Rodrigues Souza concorreu à prefeitura de Diadema e não arrancou mais que risada dos eleitores. Obteve 3.652 votos e foi eliminado no primeiro turno. Hoje, ele se dedica ao projeto Vida Viva, financiado pela prefeitura local e focado em crianças e adolescentes de 10 a 20 anos em situação de vulnerabilidade social.
Apesar de ser campeão de votos no eleitorado paulista, Tirirca não conseguiu ajudar seu herdeiro a virar vereador na capital do Ceará, Fortaleza. Tirulipa, o filho do deputado assíduo, se filiou ao PSB, mas desistiu da disputa alegando que não estava preparado para assumir a função.
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