Tóquio despreza mensagem antinuclear e elege Masuzoe, diz pesquisa da “NHK”

  • Por Agencia EFE
  • 09/02/2014 13h22

Andrés Sánchez Braun.

Tóquio, 9 fev (EFE).- A população de Tóquio elegeu neste domingo novo governador da capital japonesa Yoichi Masuzoe, um controvertido ex-ministro apoiado pelo principal partido conservador do Japão, e descartaram assim a mensagem antinuclear defendida por vários candidatos rivais.

Ministro da Saúde entre 2007 e 2009, Masuzoe venceu com ampla vantagem os outros 16 candidatos, segundo as pesquisas da emissora de TV pública “NHK”.

Embora se apresentasse como independente, assim como todos os outros principais concorrentes, o ex-ministro teve apoio do conservador e governante Partido Liberal-Democrata (PLD) do primeiro-ministro, Shinzo Abe, que fez campanha por ele.

O novo governador assume o que se considera o segundo cargo político mais importante no Japão e terá como um de seus principais desafios preparar a capital japonesa para os Jogos Olímpicos de 2020.

Masuozoe foi criticado em várias ocasiões por seus comentários misóginos ou por aspectos de sua vida pessoal, embora ao mesmo tempo tenha sido uma figura valorizada por suas propostas para modernizar o PLD, do qual saiu em 2010, ou por defender um modelo com mais autonomia para as diferentes regiões do Japão.

Segundo as pesquisas, atrás ficaram o ex-decano do Colégio de Advogados do Japão Kenji Utsunomiya, de 67 anos, que teve uma ligeira vantagem sobre o terceiro candidato em número de votos, o ex-primeiro-ministro Morihiro Hosokawa, de 76.

Utsunomiya e especialmente Hosokowa defenderam em seus programas uma pressão sobre o governo central para recuar em seu plano de reativar as usinas nucleares do Japão, que permanecem lacradas por causa do acidente em Fukushima em 2011.

O ex-primeiro-ministro iniciou a carreira para governador com intenção de transformar o pleito em um referendo sobre energia atômica no Japão, uma pedra no sapado à qual se agarrou o principal bloco da oposição, o Partido Democrático (PD), que lhe brindou seu apoio.

Mas nem a mensagem antinuclear, nem o fato de Hosokawa contar com o respaldo do PD, um partido à deriva desde o baque das gerais de 2012, e do político mais popular que teve o país nas duas últimas décadas, o ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi, convenceram os eleitores.

A imprensa e analistas criticam o fato de o ex-chefe de Governo apostar em um programa carente de conteúdo que só enfatizou o assunto atômico em uma megalópole que requer de grandes quantidades de energia e que jamais teve nem terá que lidar com a presença próxima de uma central.

A eleição de hoje seguiu o mesmo padrão dos plebiscitos que foram realizados em Tóquio nos últimos anos e outras das principais cidades japonesas, como Osaka e Nagóia.

Essas cidades viram chegar ao poder na última meia década várias figuras populistas e amantes da polêmica, mas que foram e são enormemente valorizados por terem se rebelado contra os partidos tradicionais e por tentarem reformar o forte centralismo que impera no modelo de estado japonês.

É um perfil que se ajusta a Yoichi Masuzoe, um personagem tão desbocado como seus dois antecessores no cargo, Shintaro Ishihara e Naoki Inose. Esse último se viu obrigado a renunciar em dezembro devido a seus laços com um ex-parlamentar e empresário investigado por fraude eleitoral.

De toda forma, Masuzoe impôs uma abordagem que defendia um modelo de cidade mais amável, uma melhor preparação em caso de terremotos e uma dependência transitória da energia nuclear até que Tóquio e o restante do país desenvolvam um novo modelo energético.

O cargo de governador de Tóquio é considerado o segundo mais importante do país, atrás do de primeiro-ministro, já que o Produto Interno Bruto (PIB) do distrito coloca a região entre as maiores economias do mundo. EFE

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