Trabalhar ajuda a enfrentar o tratamento contra o câncer, diz estudo
Trabalhar pode auxiliar na recuperação de pacientes oncológicos. Foi o que revelou uma pesquisa envolvendo mulheres com câncer de mama realizada pela organização sem fins lucrativos Cancer and Careers, em parceria com a Pfizer, nos Estados Unidos. Segundo o estudo, 77% das pacientes com esse tipo de tumor, incluindo mulheres com a doença metastática, disseram que o trabalho as ajudou na fase de recuperação da doença.
O levantamento foi realizado com 1.002 mulheres com câncer de mama que trabalharam ou procuraram emprego após o diagnóstico, além de 102 empregadores e 200 profissionais de saúde que tratam de pacientes com tumores de mama. A opinião de que o envolvimento com o trabalho pode ser um aliado na luta contra a doença foi também partilhada por 92% dos profissionais de saúde entrevistados.
Apesar de as pacientes expressarem um forte desejo de permanecer no ambiente de trabalho, quase a metade das entrevistadas (48%) sente que a doença afeta negativamente a sua vida profissional e 36% delas acreditam que os efeitos colaterais do tratamento impactam negativamente sua carreira.
“A escolha de trabalhar ou não deve partir da paciente e o plano de tratamento precisa respeitar essa decisão”, afirma o oncologista Carlos Sampaio, vice-presidente para relações nacionais e internacionais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Ou seja, o tratamento deve ser multidisciplinar e contemplar não apenas a reabilitação física, mas também o bem-estar emocional, social e psicológico da mulher, o que depende de uma rede variada e integrada de profissionais, formada por médicos, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, enfermeiro e farmacêutico.
“Frequentemente, o foco é direcionado para os aspectos médicos, mas é indispensável que a prioridade seja dada à disponibilidade de ouvir os anseios da paciente”, ressalta o oncologista. Assim, se não houver restrições médicas nem necessidade de mudanças de cidade para realizar o tratamento, a paciente pode conciliar o trabalho com o tratamento. Essa mulher que deseja manter-se ativa, segundo Sampaio, muitas vezes já apresenta um arsenal próprio de enfrentamento da doença, o que a possibilita encarar as alterações físicas relacionadas ao período com mais aceitação, como a perda dos cabelos. Por isso, acabam obtendo um resultado melhor durante o tratamento, especialmente quando a atividade profissional é vista como uma forma de manter a rotina da vida social, e não apenas como um meio de cumprir obrigações financeiras.
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