Transporte na palma da mão: a participação dos apps para quem leva mercadoria

  • Por Jovem Pan
  • 11/08/2016 17h24
Manifestação dos caminhoneiros continua em Papanduva e São Bento do Sul, no Planalto Norte de SC Grevistas estão liberando a passagem de veículos de passeio, emergência e transporte de cargas perecíveis e vivas Comando Nacional do Transporte Caminhoneiros estão utilizando aplicativos que conecta o caminhoneiro à carga

É na base do grito. Quem circula pelo principal entreposto de cargas da cidade de São Paulo percebe que os fretes são oferecidos aos caminhoneiros autônomos na base da visita às agências ou no berro.

Se engana, no entanto, quem acha que o profissional da boleia depende exclusivamente dos métodos tradicionais para conseguir um trabalho. Com vinte e dois anos de estrada, o motorista Adi Carlos Larini usa um aplicativo que conecta o caminhoneiro à carga há pouco mais de doze meses.

“Eu não preciso mais vir para um terminal de cargas, não preciso ir pra Campinas. Você só vai para outro lugar, se você quiser”, disse Larini.

Os programas funcionam captando a posição do motorista por meio do GPS do celular e usam a internet para comunicar que existe uma carga perto dele. O criador do aplicativo Truckpad, Carlos Mira, diz que o caminhoneiro se revelou um usuário nativo de dispositivos móveis.

“O profissional da estrada é um nativo usuário, o cara que mais precisa usar equipamento móvel. Imagina, ele fica na estrada, ele dorme nas estradas, então todas as tarefas que ele precisa executar, basicamente, ele faz embarcado dentro do caminhão”, afirmou o criador do Truckpad

Essa novidade, no entanto, não aparece sem algumas rupturas. Inicialmente, o Truckpad trabalhava em um regime de parceria com os agenciadores, só que ele começa a se estabelecer como concorrente. O agenciador Clemir Cavalcante vai lutar com as armas que tem.

“Eu tenho clientes aí que eu joguei bola com ele de 30 anos, 25 anos. (…) É a confiança que o cara tem”, disse o agenciador.

As aplicações são utilizadas quando os motoristas estão parados, mas as estradas brasileiras não estão prontas para receber inovações que envolvam conectividade em todos os trechos. Levantamento de dois mil e treze da Proteste verificou nenhuma das quatro grandes operadoras de telefonia celular cobre mais de cinquenta e um por cento dos trechos. O presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, aponta um obstáculo que deve ser superado no caminho.

“Pra você cobrir estradas bem, você precisa de frequências mais baixas. Só que isso aí tá dependente ainda do desligamento da TV digital, que está ocorrendo aí, e que vai estar liberado, acho que de uma forma mais massiva, a partir de 2019”, explicou Tude.

Atualmente, é impossível pensar em qualquer negócio que envolva transportes sem falar em mapas. Empresas estão recorrendo a aplicações especializadas que traçam rotas inteligentes. O empresário Fernando Bardusco é dono de um serviço de entrega de comida vegetariana em São Paulo que conseguiu aumentar a produtividade.

“A gente consegue fazer hoje 70 entregas em mais ou menos 11 horas de serviço. Cara, eu trabalhei quatro anos com logística, isso aí é um número extremamente considerável”, afirmou Bardusco.

Uma fornecedora desses serviços é a Maplink. O diretor-geral da empresa, Fred Hohagen, projeta funcionalidades específicas para empresas para uso dentro do telefone celular.

“Eu posso criar funcionalidades para que ele tire uma foto da caixa na hora que ela está sendo entregue, pra ver qual o estado do pacote pra depois eu não ter nenhum problema de reclamação, eu posso ter um leitor de código de barra”, disse o diretor-geral da Maplink.

A logística também está sendo alvo das empresas que operam prioritariamente com o transporte individual de passageiros. O diretor da WillGo, Gabriel da Silva, vai além da concorrência com o Uber e investe em entregas até com carros blindados a disposição se a carga tiver alto valor.

“A gente tem, na categoria de veículos blindados, parcerias com joalherias, em São Paulo, onde a gente faz o transporte de alto valor agregado. Eu não posso abrir quais são essas joalherias, mas isso já ocorre em São Paulo”, revelou o diretor da WillGo

A superespecialização é uma maneira das empresas tentarem inovar, pensar o futuro. (?) Mas o que está mais adiante? As ideias e a revolução da informática não parecem encontrar um limite. E isso vai se refletir nos transportes. No quarto e último capítulo da série “Transporte na Palma da Mão” tentamos dar uma olhada no que vem por aí.

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