Três a cada dez brasileiras sofreram violência no último ano, diz Datafolha
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, aponta que 29% das mulheres brasileiras com mais de 16 anos foram “espancadas (3%), xingadas e insultadas (22%), ameaçadas (10%), agarradas, perseguidas (9%), esfaqueadas (1%), estapeadas empurradas ou chutadas (9%) ou ofendidas sexualmente (8%)” nos últimos 12 meses.
Além disso, o estudo realizado em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública projetou que dois terços dos brasileiros (66%) presenciaram uma mulher sendo agredida física ou socialmente no período.
As agressões ocorreram principalmente em casa (45% dos casos), na rua (39%), no trabalho (5%) e na balada (5%). A maioria das vítimas conhece o seu agressor (61%). A faixa etária que mais sofre com as agressões (45%) é a de mulheres que têm entre 16 e 24 anos.
Um dado inédito da pesquisa é sobre o assédio físico no transporte público. Esse tipo de comportamento foi relatado por 10,4% das mulheres, o que significa que entre 5,2 milhões e 7,9 milhões de brasileiras com mais de 16 anos passaram por essa situação nos últimos 12 meses.
Entre as mulheres pretas, 32% relataram violência. Entre as pardas, 31%. Entre as brancas, 25%. A maior diferença entre as etnias diz respeito ao assédio. Enquanto 35% das brancas dizem terem sido alvo de comentários desrespeitosos ou contatos físicos indesejados, 89% das negras passaram por situação similar.
Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) ressalta que os dados escancaram a violência como uma variável presente no cotidiano das mulheres brasileiras. “Ser jovem e ser negra no Brasil é extremamente perigoso”, destaca.
No mínimo R$1,9 milhão de brasileiras foram ameaçadas com facas ou armas de fogo ao longo do ano passado.
Das mulheres que sofreram violência, pouquíssimas procuraram ajuda: apenas 11% procurou uma delegacia da mulher, 13% procurou a família e cerca de 53% delas não fizeram nada.
Para o diretor-presidente da FBSP, isso mostra que a mulher não se sente segura ou protegida pelo poder público. “O estado precisa provocar, gerar mais confiança pra se tornar mais eficiente na prevenção e na punição dos responsáveis”, ressalta Lima.
Ele defende que os policiais sejam treinados para saber como agir contra o assédio: “o Brasil vai avançar quando a gente tiver o tema da violência contra a mulher como um protocolo de ação de todas as polícias”.
O Datafolha entrevistou 2.073 pessoas, entre homens e mulheres de diferentes faixas etárias, regiões e classes econômicas de todo Brasil, entre os dias 9 de fevereiro de 2017 e 11 do mesmo mês. No total, foram entrevistadas 1.051 mulheres, sendo que apenas 833 delas aceitaram responder as perguntas sobre ameaças e agressão.
Ouça a reportagem completa de Marcella Lourenzetto AQUI
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