Tribunal chinês condena “espião” britânico e esposa a dois anos de prisão
Pequim, 8 ago (EFE).- Um tribunal de Xangai condenou nesta sexta-feira a dois anos de prisão o consultor de riscos britânico Peter Humphrey e sua esposa, Yu Yingzeng, por “obter ilegamente informação privada” para a farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK).
Além disso, o casal também foi condenado a pagar 150 mil iuanes (US$ 24 mil), com cinco dias para apelar da sentença, depois do jugalmento que foi realizado por cerca de 15 horas em uma Tribunal de Xangai, que retransmitiu a audiência através do Weibo, o Twitter chinês.
O processo está vinculado ao escândalo por suposta corrupção da britânica GSK, acusada no ano passado, junto a outras multinacionais farmacêuticas, de subornar hospitais e médicos no país asiático para que usassem ou promocionassem seus produtos.
A empresa de consultoria de Humphrey, ChinaWhys, foi contratada pela GSK para buscar o “delator” que dentro da empresa filtrou os e-mails que destaparam o escândalo, aparentemente enviados a diretores da multinacional em Londres e também às autoridades chinesas.
A promotoria chinesa acusa o britânico e sua esposa, detidos desde 11 de julho de 2013 e com acusações desde agosto desse ano, de obter ilegalmente 256 documentos que incluem desde números de telefone a cartões de identidade ou atas de viagens.
Segundo relatou hoje o promotor, o casal pagou entre 800 e dois mil iuanes (US$ 130-330) por cada documento e estes foram facilitados por três fontes chinesas que estão sendo julgadas separadamente .
“Nossa compra de informação privada foi um erro, mas não se tratava de uma operação comercial”, disse hoje Yu, que acrescentou que “existe uma zona obscura nesta indústria”.
“Não temos outra forma de conseguir” o objetivo da companhia, ressaltou seu marido.
Em sua alegação final, Humphrey assegurou que ele e sua mulher só cumpriram com os serviços de sua empresa, que são, disse, “investigar desmoralizações internas, fraudes e ajudar a cultivar um bom ambiente de trabalho”, segundo publica a corte em seu microblog oficial do Weibo.
Três ex-executivos da GSK, entre eles o britânico Mark Reilly, que pediu à companhia de Humphrey que iniciasse a investigação, foram acusados de corrupção em maio pela Polícia chinesa, agora em mãos da promotoria.
O escândalo da GSK é o maior de corrupção no qual se vê envolvida uma companhia estrangeira na China desde as investigações contra o gigante mineira Rio Tinto em 2009, que concluíram com penas de prisão de entre 7 e 14 anos para quatro executivos.
Humphrey e Yu, americano de origem chinesa, são os primeiros estrangeiros condenados a penas de prisão na China por realizar investigações ilegais. EFE
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