Tribunal egípcio anula decisão que definia o Hamas como grupo terrorista
Cairo, 6 jun (EFE).- Um tribunal do Cairo anulou neste sábado a decisão judicial ditada em fevereiro deste ano que definia o movimento palestino Hamas como um grupo terrorista, informaram à Agência Efe fontes judiciais.
A Corte de Assuntos Urgentes aceitou o recurso apresentado pela Advocacia do Estado egípcio, que pediu o cancelamento do julgamento do Hamas porque, segundo alegou, não foi emitido por um tribunal competente.
A sentença inicial contra o movimento islamita, que governa a Faixa de Gaza desde 2006, afirmava que o Hamas “perpetrou atentados em território egípcio” e ofereceu apoio a grupos terroristas ativos na península egípcia do Sinai.
O advogado que apresentou a denúncia contra o Hamas também atribuiu ao grupo palestino supostos ataques com armas de fogo contra os manifestantes no Cairo durante a revolução de 2011 contra Hosni Mubarak, com o objetivo que enfrentassem a polícia.
Porém, o recurso apresentado em março pela Autoridade de Causas do Estado, órgão judicial independente e representante legal do Estado egípcio, estipulou que a corte especializada nesses casos é o Tribunal Antiterrorista e não o de Assuntos Urgentes.
Na ocasião, o Hamas criticou a sentença egípcia e a considerou “um golpe de Estado na história”, porque fez “da ocupação israelense um amigo e do povo palestino um inimigo” do Egito.
Esta sentença foi anunciada um mês depois que o braço armado do Hamas, as Brigadas Izadin Al Qasam, também foram consideradas terroristas pelo Tribunal de Assuntos Urgentes.
Em 4 de março de 2014, essa mesma corte proibiu temporariamente todas as atividades do Hamas no Egito, cujos escritórios foram fechados e seus bens confiscados.
As relações entre Egito e Hamas se deterioraram desde o golpe de Estado que em 3 de julho de 2013 depôs o então presidente egípcio, o islamita Mohammed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana, grupo tradicionalmente muito próximo ao Hamas e declarado terrorista pelas autoridades egípcias.
O Egito desempenha tradicionalmente um destacado papel mediador entre Israel e Hamas para realizar trocas ou o cessar-fogo em caso de conflito, e também exerce o mesmo papel para atenuar a divisão entre o movimento islamita e a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa na Cisjordânia. EFE
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