Tribunal egípcio concede liberdade a dois jornalistas da “Al Jazeera”
Cairo, 12 fev (EFE).- O Tribunal Penal do Cairo ordenou nesta quinta-feira a libertação, por meio do pagamento de fiança, dos jornalistas da “Al Jazeera” presos no Egito, Mohammed Fahmy e Baher Mohammed, na primeira sessão da repetição do julgamento de ambos.
Apesar da libertação dos dois repórteres, continuará em andamento o processo no qual são acusados de danificar a imagem do Egito e colaborar com a Irmandade Muçulmana, considerada organização terrorista.
A “Al Jazeera” informou em comunicado que o juiz pediu o pagamento de uma fiança para a libertação de Fahmy e Mohammed, mas não detalhou a situação dos outros cinco acusados no caso.
A agência oficial egípcia de notícias, “Mena”, explicou que a fiança para libertar Famhy chega a 250 mil libras egípcias (R$ 93,6 mil), mas não detalhou se a de Mohammed corresponde à mesma quantia.
“Mena” acrescentou que, assim como os dois repórteres, os outros cinco acusados no caso ficarão em liberdade, mas proibidos de saírem do país. A agência também não informou se eles também terão que pagar uma fiança pela liberdade.
A próxima sessão do julgamento será realizada no dia 23 de fevereiro, segundo confirmaram as fontes consultadas pela Efe.
Para o canal “Al Jazeera”, “a fiança é um pequeno passo no caminho certo e permite a Baher e Mohammed passarem algum tempo com suas famílias após 411 dias separados”.
O comunicado da emissora catariana insiste na necessidade que “que o tribunal decida corretamente na próxima audiência, despreze este caso absurdo e liberte os jornalistas incondicionalmente”.
Anteriormente, a “Al Jazeera” havia informado que Fahmy, que renunciou recentemente à nacionalidade egípcia, tremulou a bandeira do Egito durante o julgamento.
Além disso, disse ao juiz que não queria abdicar da nacionalidade egípcia, mas que um oficial de segurança o aconselhou a fazer isso para ser libertado, acrescentou a “Al Jazeera” em seu site.
Segundo a emissora, Fahmy renunciou à nacionalidade egípcia e ficou com a canadense para poder ser encaixado em uma lei de novembro que permite a deportação de estrangeiros que tenham sido condenados no Egito, mas, por enquanto, não houve nenhuma decisão das autoridades nesse sentido.
O Tribunal de Apelação do Cairo aceitou, no início de janeiro, a repetição do julgamento e anulou as penas contra os sete acusados.
Ambos os jornalistas foram presos em dezembro de 2013 juntos com o australiano Peter Greste, que foi deportado no dia 1ª de fevereiro com um decreto presidencial, após passar 400 dias na prisão.
O caso dos jornalistas da emissora catariana gerou grande polêmica e diversas críticas por parte de ONG e da comunidade internacional.
A situação da liberdade de imprensa no Egito desde o golpe de Estado que provocou a queda do presidente Mohammed Mursi, em julho de 2013, piorou e, segundo o relatório anual da Repórteres Sem Fronteiras, divulgado em dezembro, há mais de 12 jornalistas presos no país. EFE
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