Tribunal ordena autora de livro sobre nazistas a devolver dinheiro por mentir
Washington, 12 mai (EFE).- Um tribunal de Massachusetts ordenou que Misha Defonseca, uma mulher que inventou sua história de sobrevivência em pleno Holocausto nazista, devolva os US$ 22,5 milhões que ganhou com a publicação de suas memórias, informou nesta segunda-feira a imprensa dos Estados Unidos.
Defonseca, de 76 anos e natural da Bélgica, é a autora de “Misha: A Memoire of the Holocaust Years”, um sucesso editorial de 1997 no qual relata com riqueza de detalhes sua fuga da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
No livro, a autora explica como teve que matar um soldado nazista e sobreviveu ajudada por uma manada de lobos depois que seu pais foram capturados e assassinados pelas tropas alemãs.
A obra, traduzida para mais de 18 idiomas, foi transformada posteriormente em um filme na França, com o título de “Survivre avec dês Loups”.
O caso estava nos tribunais há mais de uma década, depois que o êxito do livro provocou um litígio entre Defonseca e sua escritora contratada, Vera Lee, com a editora que o publicou, a Mt. Ivy Press.
Na ocasião, um tribunal de Massachusetts decidiu a favor de Defonseca e a editora precisou compensá-la com o pagamento de uma maior quantia em conceito de direitos autorais.
Foi precisamente esta sentença contrária que levou a editora Jane Daniel a investigar o passado de Defonseca até descobrir que vários dos fatos relatados não tinham fundamento.
Em 1943, quando a autora recria sua epopeia, se encontrava na realidade inscrita em uma escola de Bruxelas, e, após a morte de seus pais, foi viver com sua tia.
Além disso, embora seja verdade que seus pais foram assassinados pelos nazistas, o motivo foi pertencer à resistência belga e não por serem judeus.
De fato, Defonseca, cujo nome real é Monica Ernestine Josephine De Wael, era católica e não judia, como argumenta na história. EFE
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