Tropas federais ocuparão Complexo da Maré por tempo indeterminado

  • Por Agencia EFE
  • 24/03/2014 15h03

Rio de Janeiro, 24 mar (EFE).- O governo federal anunciou nesta segunda-feira que as forças militares ajudarão a ocupar o Complexo da Maré, conjunto de favelas na Zona Norte do Rio de Janeiro, para garantir a segurança no local e o processo de pacificação da comunidade.

O envio das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança na ocupação do conjunto de comunidades, que tem uma população de 100 mil habitantes, foi anunciado hoje em entrevista coletiva pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, após uma reunião com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Os militares e as forças federais apoiarão a Polícia Militar (PM) em uma operação para expulsar os grupos de traficantes presentes no complexo e ocupar a região por tempo indefinido.

“Recebemos uma orientação clara da presidente Dilma Rousseff para que o Ministério da Justiça e o Ministério da Defesa apoiem no que for necessário o governo do Rio de Janeiro. Após uma primeira avaliação decidimos que a prioridade é que atuemos juntos na Maré”, afirmou o ministro.

As Forças Armadas prepararão o terreno para que a polícia garanta a pacificação da Maré, por isso sua presença no local será por tempo indeterminado.

Em sua política de ocupação de comunidades dominadas pelo tráfico, iniciada em 2008, o governo do Rio de Janeiro e PM instalaram Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) em 38 favelas.

“A primeira etapa é a ocupação, que é a que prepara o terreno para a pacificação. A retirada dos militares dependerá de uma avaliação conjunta”, explicou Cardozo.

O ministro disse que a ocupação do Complexo da Maré é fundamental do ponto de vista estratégico e tático para combater o tráfico na cidade.

Segundo a polícia, vários traficantes que foram expulsos de comunidades já pacificadas se instalaram na Maré, de onde partiram ataques contra postos da UPP e policiais em vários pontos da cidade.

“Ocupar a Maré é um passo decisivo para o avanço de nossa política de segurança pública, já que se trata de uma área estratégica para o Rio de Janeiro, próxima ao aeroporto e pela qual passam importantes vias, como a Avenida Brasil e a Linha Vermelha”, disse o governador do Rio de Janeiro.

“É uma área sensível e na qual a população está ansiosa para receber as forças de segurança”, acrescentou Cabral.

Cardozo afirmou que o número de militares que participará da ocupação, assim como armas, blindados e helicópteros, ainda depende do plano que será discutido em conjunto entre organismos estaduais e federais.

“Não posso dizer previamente quando será a ocupação nem quantos homens nem quantas armas nem quanto tempo durará. Só posso dizer que serão suficientes para garantir a segurança”, afirmou Cardozo sobre a permanência na comunidade durante a Copa do Mundo.

O ministro frisou que a ocupação é independente do plano já existente para garantir a segurança durante a Copa, sobre o qual disse que está muito bem estruturado e será capaz de atender todos os turistas que visitarem o Brasil.

O ministro esclareceu AINDA que a atuação das Forças Armadas se limitará a um perímetro definido na Maré, como solicitou o governo do Rio em seu pedido para que os militares “garantam a lei e a ordem”.

O governador do Rio de Janeiro pediu reforços na sexta-feira passada em uma audiência com a presidente Dilma Rousseff, na qual relatou os ataques de grupos armados cometidos no dia anterior contra pelo menos três instalações da polícia em favelas já pacificadas. EFE

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