Tropas somalis e da UA capturam cidade portuária controlada pelo Al Shabab
Nairóbi, 5 out (EFE).- Forças somalis e tropas da Missão da União Africana (UA) na Somália (AMISOM) tomaram a cidade portuária de Barawe, o último bastião do grupo radical islâmico Al Shabab, no sul do país.
A cidade litorânea foi tomada pelas tropas aliadas após enfrentamentos com os jihadistas, confirmou neste domingo para a emissora somali “RBC” o governador da região da Baixa Shabelle, Abdulkadir Mohamed Nur Sidi.
Barawe, situada a cerca de 180 quilômetros ao sul da capital Mogadíscio, foi uma das principais bases do Al Shabab desde que o grupo perdeu o controle da capital somali, em 2011, e de Kismayo, em 2012.
O governador da Baixa Shabelle garantiu que, durante os enfrentamentos, pelo menos 13 membros da milícia radical morreram, e alguns soldados ficaram feridos.
Os jihadistas do Al Shabab começaram a deixar Barawe e a levar todas as suas armas na manhã de sexta-feira, disseram alguns moradores para a rádio somali.
“Nós vamos, mas voltaremos”, disseram os terroristas a alguns moradores de Barawe, enquanto deixavam a cidade em caminhonetes carregadas de artilharia pesada.
“Advertiram que qualquer um que colaborasse com o governo e as forças da UA seria decapitado”, relatou um morador em condição de anonimato.
A ofensiva das tropas aliadas se desenvolveu durante o fim de semana, e permitiu que outras cidades estratégicas na região da Média Shabelle fossem recuperadas.
Barawe foi durante seis anos o principal bastião dos líderes do Al Shabab e da unidade de inteligência da milícia, conhecida como “Amniyat”.
O porto também foi uma das principais fontes de financiamento da milícia, graças às exportações de carvão vegetal.
A importação e exportação, principalmente desta matéria-prima, que o grupo islamita realizava neste e em outros portos somalis, geravam receitas no valor de US$ 35 milhões por ano ao Al Shabab, segundo dados da ONU.
Por isso, capturar Barawe era um dos principais objetivos da “Operação Oceano Índico”, iniciada no mês passado pelas forças somalis e pela AMISOM para expulsar do país os rebeldes do Al Shabab.
A perda da cidade litorânea é um novo golpe para os jihadistas, que tentam se recuperar da morte de seu líder Ahmed Abdi Godane, assassinado em um ataque aéreo americano há apenas um mês.
O Al Shabab, que luta por instaurar um Estado islâmico radical na Somália, foi incluído em março de 2008 na lista de organizações consideradas terroristas pelo governo dos Estados Unidos.
A Somália vive em um estado de guerra civil e caos desde 1991, quando o ditador Mohammed Siad Barre foi derrubado, o que deixou o país sem governo efetivo e nas mãos de milícias islamitas, senhores tribais e organizações criminosas. EFE
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