Trump diz que China deve “seguir as regras”, mas também promete “respeito mútuo”
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar as práticas econômicas e políticas da China, durante evento na noite de quinta-feira em Iowa. Segundo ele, os chineses devem “jogar conforme as regras”.
Trump falou durante mais uma de suas viagens em seu giro por Estados que foram cruciais para sua vitória na eleição. Iowa foi um dos Estados mais importantes na corrida presidencial contra Hillary Clinton. “Eles [chineses] não têm jogado conforme as regras e sabem que é hora de eles começarem”, disse Trump. “Eles têm que fazer. Estamos todos juntos nessa, amigos.”
O presidente eleito citou uma série de medidas da China que segundo ele são indefensáveis e injustas, como “o roubo em massa de propriedade intelectual”, a “desvalorização acentuada da moeda deles e o dumping de produtos”. Ele também criticou Pequim por não fazer o suficiente para controlar as ambições nucleares da Coreia do Norte. Os chineses “não está ajudando com a ameaça da Coreia do Norte como eles deveriam”, argumentou.
Questionado sobre as declarações de Trump em Iowa, o porta-voz Lu Kang, da chancelaria chinesa, disse nesta sexta-feira: “Dentro dos EUA, muitas pessoas estão interessadas em que políticas Trump adotará após assumir. Eu tenho de dizer que a cooperação China-EUA se expandiu muito; se não houvesse a obtenção de ganhos econômicos e benefícios mútuos, isso não poderia ser desenvolvido até este estágio.”
O porta-voz disse que a China “está seguindo os regimes e as regras reconhecidas por todos” no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC). “Se houver ainda algum atrito ou diferenças em relação ao comércio, então as duas maiores economias, dois membros da OMC, a China e os EUA podem recorrer a esses mecanismos da OMC e resolver os problemas lá”, comentou o funcionário.
Trump quebrou uma tradição na semana passada ao falar ao telefone com a líder de Taiwan, uma ilha que para a China é território chinês, não um país soberano. O fato irritou Pequim. Nos dias seguintes ao telefonema, Trump publicou mensagens no Twitter criticando a China por manipulação cambial e por sua presença ostensiva no Mar do Sul da China.
O principal jornal do Partido Comunista da China publicou comentário nesta semana sobre os episódios. “Trump e sua equipe de transição têm de admitir que criar problemas para as relações China-EUA é apenas criar problemas para os próprios EUA”, afirmou a publicação estatal.
Por mais dura que sua retórica tenha sido, Trump também previu em seu discurso da quinta-feira que a relação entre EUA e China se desenrolará com “respeito mútuo”. O presidente eleito não escolheu um membro da linha-dura como embaixador dos EUA na China, mas sim o governador de Iowa, Terry Branstad, que conhece há décadas o presidente Xi Jinping.
Trump disse ainda que, quando suas políticas estiveram em vigor, “a China se beneficiará e nós nos beneficiaremos”.
Também na quinta-feira, Trump voou até Ohio e se reuniu com vítimas e familiares do ataque realizado por Abdul Razak Ali Artan em 28 de novembro. Ele ficou cerca de 30 minutos em Columbus com algumas das vítimas do episódio, que pode ter sido inspirado pelo Estado Islâmico ou por um clérigo muçulmano radical nascido nos EUA, segundo a polícia. Artan lançou o carro contra uma multidão de pessoas em um campus, depois saiu do carro com uma faca e começou a esfaquear estudantes. Ele foi morto a tiros pela polícia. “Este ataque horrível é apenas mais um trágico lembrete de que a segurança na imigração é segurança nacional”, afirmou o presidente eleito. “Um governo Trump sempre colocará a segurança e o bem-estar do povo americano em primeiro lugar.”
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