Tsipras afirma que falta de acordo significaria a quebra do país
Atenas, 29 jul (EFE).- O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, defendeu nesta quarta-feira o acordo com a zona do euro e afirmou que desistir das negociações significaria a quebra imediata do país, embora esse compromisso “doloroso” possa ocasionar a convocação de eleições antecipadas.
Em entrevista à rádio “Sto Kokkino”, do Syriza, Tsipras revelou que seu “coração” pediu para abandonar a mesa de negociações com a zona do euro no dia 12 de julho, mas que não isso não foi feito porque sabia que a consequência imediata seria a quebra dos bancos.
“Se tivesse feito o que meu coração pedia durante essa negociação de 17 horas” teria ocorrido uma série de eventos que levariam à perda de todos os depósitos bancários, confessou.
Tsipras explicou que primeiro seriam fechadas as filiais dos bancos no exterior e depois o Banco Central Europeu teria deixado de aceitar as garantias dos bancos gregos em troca dos créditos de emergência. Isso acarretaria a quebra de todos os bancos e a consequente perda dos depósitos.
O primeiro-ministro comentou que só poderia optar entre “uma vitória a um preço alto ou um acordo”, e acrescentou que não se arrepende “em nenhum momento” do que ocorreu em cinco meses de negociação.
Tsipras acredita que o acordo abriu a possibilidade de obter um desembolso muito maior do que o previsto inicialmente, em troca dos mesmos esforços.
Segundo ele, no início das negociações os credores só estavam dispostos a desembolsar o dinheiro do segundo resgate que faltava e “os países do norte não queriam dar sequer um euro fresco” aos “vagos” gregos.
“As teorias no Eurogrupo eram que a Grécia devia cumprir o programa anterior, o de (Andonis) Samaras”, com uma série de compromissos, que são “exatamente os mesmos” de agora, só que com a diferença que o dinheiro disponível era de 12 bilhões de euros para cinco meses, acrescentou.
“Agora passamos a 86 bilhões de euros para três anos”, explicou, analisando que é importante que o novo resgate, caso seja assinado, contemple, uma vez concluída a primeira avaliação do programa em novembro, a discussão do alívio da dívida, algo que o governo havia transformado desde o princípio em uma de suas principais frentes de batalha.
Apesar de tudo, o líder esquerdista reconheceu que os compromissos que teve que fazer o levaram a uma situação que previsivelmente resultará a convocação de eleições antecipadas, pois mais de 30 deputados do Syriza retiraram o apoio nas duas votações sobre os programas de reforma que os credores pediram como pré-requisito.
Isso fez com que os dois projetos só avançassem com o apoio da oposição.
“Sou o último que teria pedido eleições se tivéssemos mantido a maioria parlamentar” para os próximos quatro anos, disse.
O líder do Syriza ressaltou que sua prioridade agora é conseguir a assinatura do terceiro resgate e que espera que no início de setembro seu partido realize um congresso extraordinário no qual se defina qual será o programa e quais serão os passos seguintes. EFE
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