Tsipras consegue apoio do parlamento para aplicar seu programa de governo
Remei Calabuig.
Atenas, 10 fev (EFE).- O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, conseguiu nesta quarta-feira (data local) o respaldo majoritário do parlamento para iniciar seu programa de governo, que tem como prioridade imediata conseguir uma renegociação do plano de resgate e acabar com a pobreza, que aumentou após seis anos de crise econômica.
O Executivo de Tsipras reuniu o voto dos 162 deputados da Syriza e dos Gregos Independentes, que formam a coalizão governamental, enquanto toda a oposição votou contra, em uma câmara com 300 parlamentares.
Em seu discurso perante o parlamento que precedeu à votação, Tsipras reiterou que a principal reivindicação do governo é “tempo e espaço” para conseguir um acordo-ponte “de curto prazo” que permita fazer frente às “obrigações até o momento em que alcançaremos um acordo global”.
Tsipras ressaltou que este pacto não é uma extensão do programa de resgate nem implicará em “condições de austeridade”, já que não se trata de um “empréstimo novo”, pois será financiado com o 1,9 bilhão de euros que a Grécia reivindica ao Banco Central Europeu pelo rendimento dos bônus gregos.
O governo pede também como método de financiamento deste acordo a elevação em 8 bilhões de euros do teto de emissão dos Títulos do Tesouro, que atualmente está em 15 bilhões.
A intenção de Atenas é ter assegurado o financiamento a partir de 1º de março, quando terá terminado a prorrogação do segundo resgate, e até agosto, quando espera-se que possam chegar a um pacto definitivo com os credores europeus.
O governo pensa, além disso, em destinar os fundos da recapitalização dos bancos – que chega a 11 bilhões de euros – para cobrir as pastas de dívidas morosa das entidades.
O primeiro-ministro iniciou este debate parlamentar, que durou três dias, com a apresentação de seu plano governamental.
Tsipras destacou que seu governo não vai dar marcha à ré em nenhuma das promessas eleitorais e que seu objetivo é pagar a dívida, embora em termos diferentes dos atuais.
Com isto concordou o ministro das Finanças, Yanis Varufakis, que afirmou hoje perante a câmara que se alguém não está disposto “a cogitar a ruptura (com os parceiros europeus), não vai a uma negociação, mas fica em casa”.
Varufakis comentou que este governo é “o primeiro que chega a um Eurogrupo com a cabeça erguida”, em uma reunião extraordinária para tratar a situação da Grécia, na qual é improvável que se alcance um acordo que permita ao país sair do ponto morto em que se encontra, a apenas três semanas do final da prorrogação atual.
Antonis Samaras, líder do conservador Nova Democracia, o principal partido da oposição, acusou o governo de provocar a saída de 15 bilhões de euro dos bancos gregos desde o fracasso da eleição do presidente da República – com Samaras ainda como primeiro-ministro -, o que causou a antecipação das eleições.
O ex-primeiro-ministro reprovou o Executivo por discutir de novo o Grexit (a saída da Grécia do euro), o que poderia provocar “asfixia financeira”, mas reiterou que seu partido “não permitirá a saída do país da Europa”.
O plano governamental de Tsipras contempla, além disso, uma série de medidas imediatas dirigidas a auxiliar os mais golpeados pela crise como ajuda alimentícia, eletricidade gratuita, acesso universal à saúde, readmissão dos funcionários públicos, proibição dos despejos de inquilinos e restabelecimento do salário mínimo. EFE
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