Turquia convoca seu embaixador na Áustria após declaração sobre genocídio

  • Por Agencia EFE
  • 22/04/2015 18h52

Ancara, 22 abr (EFE).- A Turquia chamou para consultas seu embaixador na Áustria depois que os partidos com representação parlamentar no país centro-europeu fecharam uma declaração na qual reconheciam como genocídio o massacre da população armênia há um século, durante o Império Otomano.

“A Turquia e a nação turca nunca esquecerão esta calúnia contra sua história”, afirma um comunicado do Ministério das Relações Exteriores turco.

O comunicado indica que o ministério turco chamou para consultas seu embaixador em Viena e convocou o da Áustria para expressar-lhe seu mal-estar, segundo informou o jornal “Hürriyet”.

“Esta declaração causou nossa indignação”, acrescenta o comunicado, que rejeita a “atitude parcial” da Áustria e seu afã por “dar lições aos demais sobre história”.

“Está claro que esta declaração terá efeitos negativos permanentes nas relações entre Turquia e Áustria”, ressalta a nota.

Os seis partidos com representação no parlamento da Áustria condenaram hoje o genocídio armênio, que completa seu centenário nesta sexta-feira, por meio de uma declaração conjunta e um minuto de silêncio no plenário da câmara.

A presidente do parlamento, a social-democrata Doris Bures, afirmou que o dia 24 de abril de 1915, quando começaram as represálias contra os armênios no Império Otomano, “foi o início de uma política de deportação e perseguição que terminou no genocídio”.

Bures fez, além disso, um apelo à vontade de reconciliação e ressaltou que o reconhecimento da culpa histórica é a base para poder conseguir um entendimento sustentável.

Apesar deste documento das formações políticas, a Áustria como Estado segue sem reconhecer como “genocídio” o sucedido então e a declaração de hoje, por não ser votada no parlamento, carece de valor legal.

Mesmo assim, é um passo simbólico inédito na Áustria para reconhecer como genocídio o que ocorreu naquela época.

A Turquia, por sua vez, reconhece que houve um massacre de armênios, mas não um genocídio como um ato organizado e planificado para exterminá-los, e o emoldura dentro dos sangrentos fatos da I Guerra Mundial, na qual muitos armênios apoiaram às inimigas tropas russas. EFE

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