Turquia diz que sentença de indenização ao Chipre dificulta reunificação
Ancara, 13 mai (EFE).- O governo da Turquia insistiu nesta terça-feira que não pagará os 90 milhões de euros que o Tribunal de Estrasburgo determinou como indenização aos cidadãos cipriotas pela violação de direitos humanos em 1974 e advertiu que o veredicto é um golpe para o processo de reunificação da ilha.
“Não estamos pensando em pagar esta quantidade a um país que não reconhecemos”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, em uma entrevista coletiva em Ancara, rejeitando assim, como fez ontem, a sentença do Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
A corte condenou a Turquia a indenizar com 30 milhões de euros os familiares de 1.491 desaparecidos após a invasão do Chipre pelas forças armadas turcas, e com 60 milhões os greco-cipriotas que ficaram sob seu controle na península de Karpas.
Davtoglu qualificou a sentença como “infeliz” e disse que ela representa “um imenso golpe” para as negociações de reunificação mantidas entre os dirigentes do Chipre, membro da UE, e a República Turca do Norte do Chipre, reconhecida somente pela Turquia.
“O Tribunal deveria se pronunciar sobre os casos de todos os desaparecidos, incluindo os turcos do Norte do Chipre”, opinou o ministro.
Riza Türmen, ex-magistrado do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, disse à Agência Efe que a sentença é vinculativa, apesar de Davutoglu ter negado essa informação ontem.
Türmen afirmou que a Turquia não poderá se recusar a pagar, já que é signatária da Convenção Europeia de Direitos Humanos e como tal se comprometeu a acatar as sentenças do Tribunal. EFE
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