Turquia propõe contenção de refugiados em troca de facilidades em vistos
Bruxelas, 24 set (EFE).- A Turquia ofereceu cooperação à União Europeia (UE) para enfrentar a crise de refugiados com a contenção dos fluxos rumo à Europa em troca de facilidades para a obtenção de vistos, informaram fontes comunitárias nesta quinta-feira.
O primeiro-ministro turco, o islamita Ahmet Davutoglu, enviou na terça-feira uma carta aos chefes de Estado e de governo da UE na qual propõe a criação de uma zona de contenção na Síria, na fronteira com a Turquia, sempre que o bloco comunitário suavizar os requisitos para que os cidadãos turcos obtenham um visto para entrar em território comunitário.
Reino Unido, França e Alemanha recusam a ideia, segundo as mesmas fontes, que asseguram, no entanto, que essa possibilidade é estudada.
Os países do Leste Europeu, que nas últimas semanas se distanciaram dos membros comunitários por suas mensagens contra os muçulmanos, provavelmente também recusarão aliviar a política de vistos com a Turquia.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu na terça-feira, após a cúpula de líderes comunitários, que há milhões de possíveis refugiados que querem ir à Europa, a maioria sírios e que entrariam na UE através da Turquia, e comentou que “a pior onda está ainda para chegar”.
Sobre a criação de uma zona de contenção na Síria, Tusk deu a entender que a União não está interessada na ideia, e considerou que o mais importante neste momento é buscar vias de cooperação com os países vizinhos.
O presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, também recebeu a carta, embora a mensagem fosse endereçada aos líderes comunitários.
A porta-voz comunitária Mina Andreeva não quis detalhar nesta quinta-feira que implicações teria a criação dessa zona de contenção, e se limitou a dizer que não cabe ao Executivo comunitário falar em nome do governo turco para esclarecer suas pretensões.
Andreeva lembrou que Juncker se reunirá com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, no dia 5 de outubro, e declarou que “esse será o momento de escutar e adotar uma posição”.
A UE se comprometeu a colocar em funcionamento até novembro os centros de identificação, registro e recolhimento de impressões digitais nos países mais expostos à entrada de refugiados, como Grécia e Itália.
O estabelecimento desses centros, que contarão com a assistência de analistas comunitários, é condição imprescindível para o início do processo de realocação entre Estados-membros de 160 mil refugiados ao qual se comprometeram os 28 países da UE.
Questionada sobre o assunto, Andreeva disse que “se todos os Estados-membros aceitarem os compromissos assinados ontem, será possível começar (a realocação) nos próximos meses”.
A porta-voz lembrou que tanto o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, como o grego, Alexis Tsipras, estavam sentados à mesa de negociação com os demais líderes na terça-feira e assinaram a declaração final do encontro, na qual novembro foi estabelecido como data limite para o início das operações nesses centros. EFE
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