Tzipi Livni se subordina a Herzog para não desaparecer do mapa político

  • Por Agencia EFE
  • 13/03/2015 21h33
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Elías L. Benarroch.

Jerusalém, 13 mar (EFE).- Tzipi Livni, ex-ministra da Justiça e das Relações Exteriores de Israel, participará das eleições da próxima terça-feira como subordinada do líder do Partido Trabalhista, Isaac Herzog, como parte de um acordo de rotação que poderia lhe render a chefia do governo nos dois últimos anos da 20ª legislatura do parlamento.

Afetada por um desgaste político que quase fez seu partido, o Hatnuah, de centro-direita, desaparecer da cena política, aquela que já foi chamada de “princesa do Likud” na época de Ariel Sharon decidiu, no início de dezembro, aceitar a oferta feita por Herzog pouco depois de ser destituída do posto de ministra por Benjamin Netanyahu.

“Um centro sionista contra os partidos da direita extremista”, foi o slogan ao qual recorreu para justificar sua união com os trabalhistas, ocasião na qual lamentou que a palavra “paz” tivesse desaparecido do léxico político israelense.

Aos 57 anos e advogada de profissão, Livni liderou as últimas negociações com os palestinos em 2013 e defende que a solução dos de dois Estados é a única maneira para Israel conseguir “sobreviver como estado judeu e democrático”.

Além de desenvolver conversas que acabaram em um rotundo fracasso e que, na realidade, eram dirigias por Netanyahu através de seu advogado Itzjak Moljo, Livni foi ministra da Justiça no último Executivo, cargo ao qual chegou com ampla experiência de governo e do qual promoveu uma série de leis civis que desafiavam os ultraortodoxos.

Em uma meteórica carreira política impulsionada por Sharon, foi ministra sem pasta, de Agricultura e Desenvolvimento, Imigração, Habitação e Justiça nos executivos liderados pelo falecido premiê entre 2001 e 2005. Já com Ehud Olmert, entre 2006 e 2009, foi chefe da diplomacia israelense.

Como titular das Relações Exteriores negociou, em agosto de 2006, com o então secretário-geral da ONU, o ganês Kofi Annan, o fim das hostilidades entre Israel e a guerrilha libanesa Hezbollah, após a resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Sob o comando de Olmert, também foi responsável pelas conversas de paz com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, entre 2007 e 2008, que chegaram ao ponto mais avançado entre as partes até o momento.

Seu grande fracasso político aconteceu no final de 2008, quando, após a renúncia de Olmert por suspeitas de corrupção, Livni teve em suas mãos a possibilidade de formar o governo, sem novas eleições, à frente do já extinto Kadima, uma oportunidade que surpreendentemente desperdiçou.

Sua insistência em não pagar o habitual “suborno político” ao partido ultraortodoxo Shas – que pedia mais recursos para suas instituições religiosas – em defesa da correção política e da luta contra a corrupção, levaram o país às eleições que deram a Netanyahu o mandato para governar.

Seu partido Kadima saiu daquelas eleições com o maior número de cadeiras, mas o parlamento israelense, cada vez mais conservador, não a confirmou diante do chefe do Estado. O ex-presidente Shimon Peres pediu então a Netanyahu e ao Likud, que conseguiu uma cadeira a menos, para que formasse o governo – foi a primeira vez na história do país em que o partido que obteve o maior número de assentos nas eleições parlamentares não formou o Executivo.

Desde então, Livni se viu afastada da liderança do Kadima, criou uma nova legenda de ramo liberal – o Hatnuah – com a qual ganhou apenas seis cadeiras no pleito de 2013, e viu seu outrora promissor horizonte político diminuir até tal ponto que, para se salvar, preferiu a união com os trabalhistas, partido do qual sempre esteve longe ideologicamente.

“Herzog é uma pessoa correta, capaz e corajosa e será um primeiro-ministro excelente. Acredito, do fundo do meu coração, que essa é a base desta associação”, opinou.

Nascida em Tel Aviv em 1958, Livni é filha de dois militantes do grupo armado revisionista Etzel, liderado por Menachem Begin, e considera a si mesma como uma política de direita, porém pragmática.

Fez parte do serviço de espionagem Mossad entre 1980 e 1984, e sua carreira política começou em 1999, quando foi escolhida pela primeira vez como deputada da Knesset, onde trabalhou nas Comissões de Justiça e Leis e do Desenvolvimento da Mulher.

Na atual campanha eleitoral, soube assumir um papel de “subordinada entre iguais” com o objetivo único de retirar Netanyahu da chefia de governo. Apesar de as pesquisas indicarem a coalizão União Sionista como a possível mais votada, é provável que não tenha a capacidade para formar o governo. EFE

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