Uber permite pagamento com dinheiro no Chile e taxistas protestam
Várias dezenas de taxistas se mobilizaram nesta quarta-feira em Santiago, no Chile, em protesto contra a empresa Uber, que ontem anunciou um plano para que os usuários do aplicativo possam pagar viagens com dinheiro.
A caravana de veículos se reuniu no centro da capital chilena sob um forte dispositivo policial para evitar que o trânsito seja interrompido, como ocorreu em maio quando milhares de taxistas se mobilizaram.
Os dirigentes dos grêmios de taxistas reivindicaram apoio do governo e asseguraram que o pagamento com dinheiro de Uber os afeta de um modo ainda mais direto do que o serviço habitual do aplicativo.
“Estamos sendo desemparados pelo governo, definitivamente o governo está nos deixando de lado ao amparar a ilegalidade”, disse Andrés Torrejón, secretário-executivo da Coordenadoria de Associações Gremiais de Táxis Básicos (Coditach) à rádio “BíoBío”.
O Uber anunciou que a partir da próxima segunda-feira metade dos usuários registrados no Chile, que são cerca de 260 mil, terão a possibilidade de pagar as viagens com dinheiro e de forma direta ao motorista.
Até agora, os usuários do Uber só podiam pagar pelo trajeto com um cartão de crédito previamente cadastrado pelos clientes.
A empresa indicou que trata-se um plano que se tiver um bom retorno será ampliado a todos os usuários chilenos em alguns meses.
O anúncio indignou os motoristas de táxis tradicionais, que nos últimos meses realizaram várias protestos contra o serviço da empresa americana, que é acusado de concorrência desleal.
Alguns taxistas resolveram fazer justiça com as próprias mãos e foram registradas agressões e enfrentamentos com motoristas que são acusados de trabalhar com Uber e Cabify.
O último episódio violento ocorreu na madrugada desta quarta-feira, quando um veículo que presta serviços ao Uber sofreu um acidente no bairro de Vitacura, no oriente de Santiago, após ser perseguido por um grupo de taxistas.
O governo chileno considera que o serviço de Uber é ilegal e realiza fiscalizações para retirar de circulação os veículos, embora não possa proibir o funcionamento da empresa.
O vazio legal existente levou ao Executivo a liderar meses atrás um painel de especialistas para analisar a situação dos aplicativos móveis de serviços de transporte e sua possível regularização, embora ainda não tenha se chegado a uma conclusão sobre o tema.
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