Ucrânia elogia decisão de Putin de cancelar envio de tropas ao país

  • Por Agencia EFE
  • 24/06/2014 16h13
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Boris Klimenko.

Kiev, 24 jun (EFE).- Tanto o governo da Ucrânia como os separatistas pró-russos do leste do país, enfrentados em um conflito armado, avaliaram nesta terça-feira a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de desistir do envio de tropas ao país vizinho.

A decisão de Putin coincide com o primeiro dia de trégua na Ucrânia entre o exército e os rebeldes, ameaçada pela morte hoje de nove soldados ucranianos em um helicóptero militar derrubado pelos pró-russos com um míssil terra-ar, como os que Kiev denuncia que os insurgentes recebem da Rússia.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, qualificou o gesto de Putin como o “primeiro passo prático da Rússia” para apoiar o plano de paz idealizado para as regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk.

“Temos a decisão real, mas este fato já é um importante passo à frente”, declarou em Viena o novo ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavló Klimkin, durante uma conferência da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

Já os milicianos da autoproclamada república popular de Donetsk declararam que a decisão do líder russo ajudará a atenuar o conflito.

“Hoje essa decisão é correta e contribuirá para apaziguar a tensão”, afirmou o “vice-primeiro-ministro” do ente separatista, Andrei Purguin.

Acrescentou que a iniciativa de Putin é, além disso, “um passo para sairmos do nervosismo, das especulações e da aberta russofobia demonstrada por alguns ucranianos”.

Putin propôs hoje ao Conselho da Federação (Senado) da Rússia anular a autorização para enviar tropas para a Ucrânia, dada pelo chefe do Kremlin em 1º de março, e a Câmara alta já anunciou que se reunirá amanhã mesmo para estudar a proposta do presidente.

A permissão para o envio das tropas foi aprovado uma semana depois da derrocada do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, em consequência dos maciços protestos populares e às vésperas da anexação pela Rússia da península ucraniana da Crimeia.

Mas o próprio Putin declarou hoje em Viena que uma trégua de sete dias no leste da Ucrânia não é suficiente para solucionar o conflito e que são necessárias conversas políticas substanciais, incluídas negociações diretas de Kiev com os separatistas.

“Um cessar-fogo de sete dias não é suficiente. Precisamos de negociações reais, acompanhadas por conversas diplomáticas. Se em sete dias queremos realizar um desarmamento, mas sem negociações substanciais, então estamos condenados ao fracasso”, afirmou o presidente russo.

A proposta de Putin ao Senado coincidiu também com a advertência da União Europeia e EUA à Rússia sobre novas sanções, desta vez econômicas, se Moscou não contribuir com o plano de paz para as regiões ucranianas rebeldes.

A trégua foi atingida nas primeiras conversas entre representantes de Kiev e os líderes da sublevação pró-russa realizadas desde que explodiram os enfrentamento armados, há quase dois meses.

Mas já em seu primeiro dia se viu ensombreada hoje pelas denúncias por ambas partes de violações do cessar-fogo.

Assim, um helicóptero ucraniano Mim-8 com nove militares a bordo foi derrubado por insurgentes pró-russos perto da cidade de Slaviansk, o principal reduto das milícias pró-russas no leste da Ucrânia.

“Segundo dados preliminares, morreram nove militares, incluídos os três tripulantes”, escreveu o coordenador do grupo “Resistência Informativa”, Dmitri Timchuk, no Facebook.

Segundo Selezniov, um sistema de defesa antiaérea portátil foi usado no ataque, que aconteceu perto do monte Karachun durante a decolagem da aeronave.

Por outro lado, o líder da autoproclamada república popular de Donetsk, Aleksandr Borodai, denunciou o descumprimento por Kiev da trégua entre os insurgentes e as autoridades.

“Kiev não cessou a guerra. Hoje começaram a metralhar (as cidades de) Slaviansk e Snezhni. Também começaram combates no aeroporto de Donetsk. Temos mortos e feridos”, acusou Borodai. EFE

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