Ucrânia quer observadores internacionais no referendo da Crimeia
Kiev, 8 mar (EFE).- A Ucrânia pediu neste sábado a presença de observadores internacionais no referendo sobre a reunificação com a Rússia que será realizado na república autônoma ucraniana da Crimeia no próximo 16 de março, apesar de insistir que não reconhece a legitimidade da consulta.
“Qualquer decisão deste referendo será ilegal e não há mais opções que protestar e assinalar à comunidade internacional que seus resultados não terão efeito. No entanto, insistimos que estejam presentes nele observadores internacionais”, disse em Kiev o ministro interino de Relações Exteriores da Ucrânia, Andrei Deschitsa.
O ministro afirmou, no entanto, que “ainda não há decisão a respeito da União Europeia e da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), as organizações que poderiam” cumprir essa função.
A chancelaria ucraniana também se dirigiu à Rússia para pedir-lhe que não bloqueie as decisões das organizações internacionais sobre o envio de observadores à autonomia rebelde, que se proclamou parte da Rússia e convocou uma consulta sobre este assunto.
Apesar de a diplomacia russa, com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, à frente, se negar a sentar-se na mesa de negociações com as novas autoridades da Ucrânia, que Moscou não reconhece, Deschitsa manifestou a esperança que a situação possa ser resolvida de mútuo acordo.
“Acho que há indícios que nos dão esperança. Não nos sentamos para dialogar com os russos, mas pudemos mandar nossa mensagem através de mediadores. A posição russa não é categórica, estão pensando na oferta (ucraniana) e, por isso, há esperança. Mas é cedo para falar do conteúdo da proposta”, declarou.
No entanto, Lavrov reiterou hoje em Moscou que o governo ucraniano do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk não é legítimo nem independente.
“O assim chamado governo interino (ucraniano) não atua por sua própria vontade e depende, infelizmente, de radicais nacionalistas que tomaram o poder através de insurreição armada”, criticou o titular da diplomacia russa.
A Crimeia tem uma população de cerca de dois milhões de habitantes, dos quais 60% são russos, 26% ucranianos e 12% tártaros, favoráveis a manter a região dentro da Ucrânia.
As novas autoridades de Kiev não reconhecem o governo “títere” da autonomia, que por sua vez considera ilegítimo o Executivo central e só reconhece como presidente da Ucrânia o deposto Viktor Yanukovich, refugiado na Rússia. EFE
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