Ucrânia relança ofensiva contra separatistas no sudeste do país

  • Por Agencia EFE
  • 01/07/2014 17h34
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Boris Klimenko.

Kiev, 1 jul (EFE).- A Ucrânia relançou nesta terça-feira uma ampla ofensiva militar contra vários locais controlados pelos separatistas pró-Rússia no sudeste do país depois que o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, deu por terminado, nesta madrugada, o cessar-fogo que vigorava há dez dias.

“Nesta manhã, foi retomada a fase ativa da operação antiterrorista. Nossas forças armadas lideram ataques às bases e aos postos fortificados dos terroristas”, declarou hoje o presidente da Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia, Alexander Turchinov, ao inaugurar a plenária do Legislativo.

O recomeço das operações militares resultou em, pelo menos, seis mortos nas primeiras horas da ofensiva, todos eles na cidade de Kramatorsk, vizinha de Slaviansk, ambas fortificações da rebelião pró-russa que explodiu nas regiões de Donetsk e Lugansk em meados de abril.

“Nesta manhã, quatro pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas de distintas formas em Kramatorsk, quando o micro-ônibus em que viajavam caiu sob fogo de artilharia”, reconheceu em seu site a administração da região de Donetsk, leal ao governo de Kiev.

Outras duas pessoas, o motorista de um ônibus e uma passageira, morreram pouco depois também por fogo de artilharia em outro setor da cidade, declarou à agência russa “Interfax” um porta-voz do comando das milícias separatistas.

Enquanto isso em Donetsk, capital de região homônima, um policial morreu e dois ficaram feridos gravemente no ataque dos insurgentes pró-Rússia à delegacia central da cidade, segundo o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov.

Após o relançamento da ofensiva ucraniana, os combates se aproximaram da capital de Donetsk, de um milhão de habitantes e em mãos dos rebeldes desde o início da revolta.

Quase duas horas depois de Poroshenko anunciar o fim do cessar-fogo, os tiroteios foram retomados na área do aeroporto de Donetsk, situado em um bairro periférico da capital regional.

As forças ucranianas e os milicianos também travaram intensos combates nas localidades de Marinka e Karlovka, cerca de 20 quilômetros ao leste de Donetsk.

Os enfrentamentos se estendem à vizinha região de Lugansk, onde, além de violentos combates nos trechos da fronteira com a Rússia controlados pelos rebeldes, a aviação ucraniana atingiu as posições dos insurgentes nos arredores da capital homônima, de meio milhão de habitantes.

O presidente ucraniano decidiu voltar a lançar a operação antiterrorista apesar de pouco antes, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, terem pedido que concedesse outra prorrogação à cessação de hostilidades.

“Vamos avançar e vamos liberar nossa terra. A extraordinária oportunidade para dar vida ao plano de paz foi desperdiçada”, disse nesta madrugada o líder ucraniano em mensagem à nação.

Segundo o chefe do Estado, “a direção política dos separatistas mostrou sua falta de desejo e sua incapacidade de controlar suas unidades terroristas”.

Na conversa com Merkel e Hollande, na qual também participou o presidente da Rússia, Vladmir Putin, Poroshenko aceitou mandar representantes de seu governo a uma nova rodada de consultas com os pró-Rússia.

Kiev considera que o reatamento das operações militares não impede a realização dessa reunião, que poderia acontecer em Minsk, capital da vizinha Belarus.

“Foi tomada a decisão de retomar o trabalho do chamado grupo de contato tripartite (Ucrânia, Rússia e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, além de representantes dos separatistas). É possível que a próxima reunião do grupo não seja no leste da Ucrânia, pode ser que seja em Minsk”, disse a representante de Poroshenko para o Plano de Paz, Iryna Gerashchenko.

Um dos líderes dos rebeldes, o vice-primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Andrei Purgin, considerou que as consultas com as autoridades ucranianas podem continuar apesar do fim do cessar-fogo. EFE

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