Ucrânia resiste a tirar tropas da Crimeia

  • Por Agencia EFE
  • 22/03/2014 15h03
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Boris Klimenko.

Kiev, 22 mar (EFE).- Soldados de uma unidade da marinha ucraniana em Novofiodorovsk, na Crimeia, abandonaram neste sábado sua base após serem pressionados por um grupo de civis em um novo episódio que deixa em evidência a indecisão da Ucrânia sobre o futuro de seus militares na península.

A cúpula ucraniana continua sem manifestar vontade política de evacuar suas tropas da República da Crimeia, incorporada pela Rússia nesta semana, apesar das duras críticas feitas a Kiev pelos comandantes militares que estão na península.

Enquanto isso, as notícias de unidades, aeroportos e navios ucranianos atacados e tomados por homens uniformizados que se identificam como sendo das forças crimeanas ocorrem dia após dia desde o começo da crise.

A imprensa ucraniana informou hoje sobre o ataque e tomada do único navio sob bandeira ucraniana que ficava no lago de Donuzlav, que não pôde sair a mar aberto e deixar as águas territoriais da península depois que as tropas russas afundaram duas embarcações ucranianas para fechar esta via de escape.

O capitão Vladimir Khromchenkov, comandante do navio de desembarque “Kirovograd”, com base em uma cidade do mesmo lago, denunciou hoje o abandono que sua unidade sente por parte dos altos comandantes ucranianos.

“Gostaríamos que os dirigentes do país se comunicassem conosco. Tanto (o presidente interino da Ucrânia, Aleksandr) Turchinov como (o ministro da Defesa, Igor) Teniukh disseram que falaram com todos, mas conosco ninguém se comunicou”, queixou-se, em uma conexão com a principal rede de televisão ucraniana.

O segundo comandante do batalhão de infantaria marinha de Kerch, na Crimeia, Alexei Nikiforov, denunciou de madrugada as incertezas do governo, do Estado-Maior e da marinha ucranianas em tomar uma decisão sobre o futuro das tropas na península.

“Nenhum representante do Estado-Maior visitou a unidade em todo este tempo. Nem um só representante do Comando da Armada veio aqui desde o dia 1º de março”, lamentou Nikiforov.

O militar ucraniano, cuja unidade ficou bloqueada durante várias semanas pelas chamadas forças de autodefesas da Crimeia, reclamou por não ter recebido uma ligação telefônica sequer do ministro da Defesa.

“Me visitavam a cada dia representantes da Federação da Rússia. Conheço melhor seus generais que meus familiares”, declarou.

No entanto, o comandante-em-chefe da Armada ucraniana, Sergei Gaiduk, disse pouco antes que mantém contato permanente com os comandantes de todas suas unidades na Crimeia.

Já o ministro da Defesa transferiu à cúpula política do país a responsabilidade de tomar uma decisão sobre o futuro das tropas do país na península.

“A situação na Crimeia é extremamente tensa, e assim o informamos diariamente às autoridades do Estado. Para resolver esta situação, deve haver uma decisão da direção política” do país, disse ontem à noite Teniukh.

E enquanto 20 soldados ucranianos da base naval de Sepastopol não quiseram mudar de lado e pediram hoje a seu país que os tire da Crimeia, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, encarregou essa tarefa à Frota russa do Mar Negro, com base na mesma Sebastopol.

O Ministério da Defesa russo presume que 54 dos 67 navios da marinha ucraniana na Crimeia mudaram de bandeira e se puseram sob o comando da Forças Navais russas.

Aparentemente alheio à Crimeia, Turchinov advertiu em Kiev que a Ucrânia “combaterá o inimigo em caso de uma invasão” de seu território.

A declaração foi dada após ele se reunir com o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, que visita Kiev para mostrar o apoio da Alemanha às novas autoridades da Ucrânia e condenar a anexação da Crimeia pela Rússia.

“O referendo da Crimeia da semana passada, a decisão do Conselho da Federação (Senado russo) e a posterior integração da Crimeia à Federação da Rússia (promulgada ontem pelo presidente Vladimir Putin) são violações do direito internacional e tentativas de dividir a Europa”, lamentou Steinmeier. EFE

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