Ucranianos querem eleições antecipadas para acabar com crise política
Boris Klimenko.
Kiev, 3 fev (EFE).- A maioria dos ucranianos pedem eleições antecipadas para sair da crise política, já que governo e oposição seguem aferrados a suas posições, e os manifestantes se recusarem a abandonar as ruas de Kiev.
A convocação de eleições presidenciais e parlamentares antecipadas é reivindicada por 51,3% e 58% dos ucranianos, respectivamente, e 41,4% e 33,5% dos eleitores são contrários.
Desde a explosão das violentas manifestações no início de janeiro em Kiev essa é a principal reivindicação da oposição, convencida de que o povo ucraniano castigará nas urnas a fraqueza do presidente, Viktor Yanukovich.
O chefe de estado, que derrotou nas eleições presidenciais de 2010 a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, atualmente presa, tem pensado em se candidatar à reeleição nas eleições presidenciais previstas para 2015.
A recente renúncia do primeiro-ministro Nikolai Azarov foi aprovada por 59,3% da população. Segundo a imprensa local, ele teria se exilado na Áustria depois de sair do governo.
Mais de 50% dos ucranianos também são a favor de retornar à Constituição de 2004, que limita os poderes do presidente em favor da Rada Suprema (Legislativo), segundo uma pesquisa publicada hoje pelo instituto TSN.
E 49% da população estão a favor dos protestos contra o governo que explodiram em Kiev em 21 de novembro após a recusa de Yanukovich de assinar o Acordo de Associação com a União Europeia, enquanto 45% são contrários as manifestações.
Mas nem tudo são más notícias para o governo, já que, segundo outra pesquisa de opinião, Yanukovich lidera a corrida pela presidência.
Apesar do desgaste que os mais de dois meses de protestos causou ao governo, Yanukovich contaria com o respaldo de 18,4% da população, segundo a pesquisa realizada pela agência Sotsiopolis.
Tecnicamente empatado com o dirigente opositor e campeão mundial dos pesos pesados de boxe, Vitali Klitschko, que receberia o apoio de 17,6% dos ucranianos, o que o transforma no mais popular nome da oposição, apesar da pouca experiência política.
Em terceiro lugar está o multimilionário Petro Poroshenko, estreito aliado do ex-presidente Viktor Yushchenko, que alcançaria 9,5% dos votos.
Muito longe estão outros líderes da oposição com representação parlamentar, já que o dirigente do principal partido, Batkivschina (Pátria), Arseni Yatseniuk, teria somente 4,1%.
A renúncia do governo e a revogação das leis que restringiam a liberdade de expressão e reunião abriram semana passada uma via de solução para a crise, mas agora tudo parece uma miragem, já que a oposição nunca se dá por satisfeita.
Hoje mesmo apresentou um novo projeto de anistia que beneficiaria todos os detidos nos protestos populares, após rejeitar a lei promulgada por Yanukovich.
A norma aprovada semana passada pelo presidente não inclui os detidos durante os violentos enfrentamentos de janeiro entre manifestantes e soldados antidistúrbios em Kiev.
Segundo o Ministério do Interior, esses presos “não são manifestantes pacíficos, mas suspeitos de terem cometido delitos graves”.
Além disso, Yanukovich advertiu que a lei entraria em vigor só quando os ativistas desocupassem todos os edifícios administrativos atualmente controlados por eles, incluindo a Prefeitura, a Casa de Sindicatos e a Casa Ucraniana em Kiev, e as delegações do governo central em várias regiões do país.
Os opositores também deveriam desbloquear todas as ruas e praças, entre elas as imediações do estádio do Dínamo de Kiev na rua Grushevski, palco dos combates mais sangrentos e na atualidade o bastião mais radical dos manifestantes.
Nessa região milhares se reuniram hoje para denunciar que 1.739 pessoas teriam sido vítimas da repressão policial desde a explosão dos protestos em 21 de novembro, e que quatro teriam morrido além de 35 desaparecidos.
Enquanto as três formações da oposição parlamentar se negam a acatar a lei de anistia, os manifestantes rechaçam categoricamente abandonar os edifícios do governo até a saída de Yanukovich.
Segundo alguns analistas, a oposição é refém dos manifestantes entrincheirados no centro de Kiev, por isso descarta uma solução pactuada da crise que não contemple a realização de eleições antecipadas. EFE
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