UE começa 2015 com inquietação pela Grécia e missão de ativar investimentos

  • Por Agencia EFE
  • 01/01/2015 11h48
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A União Europeia (UE) e especialmente a zona do euro entram em 2015 de novo com preocupação sobre o futuro político e econômico da Grécia e com a missão de dar andamento ao ambicioso plano de investimentos de 315 bilhões de euros com o qual espera encorajar a doente economia europeia.

Além do plano de investimentos, a UE se prepara em 2015 para um pacote ambicioso para um mercado digital único e uma União Energética, assim como uma nova política sobre imigração e um “entorno justo” em matéria tributária para evitar evasões fiscais, lembrou à Agência Efe a porta-voz comunitária Natasha Bertaud.

A UE terminou 2014 com o apoio dos líderes ao “plano Juncker”, com o qual pretendem mobilizar financiamento para projetos de infraestruturas de transporte, banda larga, energia e de pesquisa, e impulsionar assim o PIB comunitário em até 410 bilhões e criar até 1,3 milhão de empregos até 2017.

O plano deve estar em operação em meados de 2015, por isso que a CE proporá neste mês uma base legal para a criação do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicas administrado pelo Banco Europeu de Investimentos (BEI).

Este começará já neste mês com certas atividades através de seus próprios fundos, de modo que o plano “já começa a funcionar efetivamente em janeiro, porque não temos tempo a perder”, disse Bertaud.

Assim, a UE fechou 2014 com propostas e boas intenções para reativar os investimentos e reforçar a confiança na zona do euro.

Mas é precisamente a confiança na zona do euro que está novamente ameaçada por um de seus membros, a quem segue ajudando para que saia de um resgate que custou cerca de 172,6 bilhões de euro.

A incerteza em torno de eleições antecipadas convocadas na Grécia para 25 de janeiro fez com que a troika, formada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a CE e o Banco Central Europeu (BCE), suspendesse os próximos desembolsos de ajuda e as negociações com Atenas até que haja um novo governo.

Na memória de todos os países segue presente o “flerte” da Grécia com a saída do euro em 2011 com o anúncio de um referendo sobre o plano de resgate do qual depois desistiu e duas eleições tensas em 2012.

Então exigiram aos líderes dos partidos políticos da Grécia que se comprometessem por escrito com mais reformas e ajustes antes de desembolsar um sexto lance e de aprovar o segundo resgate ao país.

Agora, a possibilidade do partido esquerdista Syriza, liderado por Alexis Tsipras, sair vencedor nas eleições, volta a situar a zona do euro e a Grécia em um cenário similar, no qual se escuta de novo a palavra “Grexit”.

Tanto a CE, pela boca de seu comissário de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, como o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, advertiram Atenas que o futuro governo deve cumprir com os compromissos assumidos e que é para todos melhor que a Grécia permaneça na zona do euro, também para poder seguir se beneficiando da solidariedade financeira de seus parceiros.

Syriza prometeu que acabará com as políticas de austeridade e que aplicará uma política de investimentos que sirva para criar emprego e para o crescimento da economia.

Os partidos da coalizão governamental saliente, o partido conservador Nova Democracia e o social-democrata Pasok, acusam Syriza de políticas aventureiras e prevêem que se este partido ganhar as eleições Grécia, acabará saindo da zona do euro.

Membros das instituições comunitárias lembram ainda que em 2012 Tsipras advogou por abolir o memorando de entendimento assinado com a troika, renegociar o empréstimo e decretar uma moratória do pagamento da dívida e seus juros.

A diferença entre hoje e dois anos atrás, quando se encontrava no pior momento da crise de dívida, é que a zona do euro está agora melhor preparada para reagir a qualquer foco de instabilidade ou eventual contágio, porque criou um plano através de fundos de resgate e implantou mecanismos para tramitar melhor quebras bancárias, entre outras medidas.

Para o analista do Open Europe, Raoul Ruparel, a nova crise grega provocou “pouco ou nenhum” efeito de contágio em outros países do euro, mas “como foi o caso frequentemente, a Grécia poderia se transformar de novo no cenário de teste para a próxima rodada de políticas anti-crise da zona do euro”. EFE

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