UE e Ucrânia apoiam encher lojas de Kiev com gás comprado da Europa
Bruxelas, 25 jun (EFE).- A União Europeia (UE) e Ucrânia se mostraram nesta quarta-feira favoráveis a lotar os armazéns em território ucraniano com gás comprado da Europa, diante do corte de fornecimento a Kiev decretado pela Rússia em 16 de junho.
“Temos a intenção comum de encher os armazéns ucranianos o máximo que for possível, até 20 bilhões de metros cúbicos de gás, nos preparar para um longo e intenso inverno 2014-2015”, disse hoje o comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, depois de se reunir com o ministro ucraniano de Energia, Yuri Prodan.
Oettinger afirmou que a Ucrânia trabalha na ativação do chamado “fluxo inverso”, que permite que o gás circule em duas direções nos gasodutos e, portanto, possibilitaria transferir o fluido procedente da UE à Ucrânia, o que na prática equivaleria a revender a um preço melhor o gás russo a Kiev.
Moscou considera que a medida não é legítima, mas a UE insiste em que é perfeitamente legal.
Explicou que a Ucrânia está em negociações para ver a que companhias europeias poderia comprar o gás e a que preço e disse que poderia decidir no final de junho no caso da Eslováquia, enquanto desde Polônia e Hungria poderia fazê-lo mais adiante.
Os contatos bilaterais com a Ucrânia continuarão a próxima semana e Oettinger prevê ligar também com a Rússia para concretizar uma reunião de três lados antes do período do verão, na qual se possa concordar um compromisso de solução ou uma saída temporária.
“Por enquanto, não temos problemas (de provisão)”, ressaltou Oettinger, quem afirmou que “Ucrânia e Naftogaz (a companhia de gás ucraniana) garantem a 100% o gás que chega da Gazprom (consórcio russo) com destino à UE”.
O comissário de Energia expressou sua satisfação por a Ucrânia ter oferecido à UE a possibilidade de enviar analistas comunitários para comprovar que está sendo entregue a totalidade dos volumes de gás desde Rússia.
Oettinger declarou que a UE não deve agir imediatamente, mas opinou que é positivo que exista esta possibilidade por se em algum momento é necessário.
Prodan, por sua vez, fez insistiu na importância que, apesar do corte de provisão de Moscou, siga chegando à UE o gás russo e considerou que demonstra que Kiev é um “parceiro real” da União.
Além disso, o ministro se mostrou disposto a negociar uma solução interina com a Rússia, ao tempo que espera poder avançar nas negociações para ativar o fluxo inverso desde Eslováquia a partir do próximo 1º de outubro.
O titular da pasta estimulou às companhias europeias que comprem gás à Rússia diretamente na fronteira com a Ucrânia e o armazenem nas reservas ucranianas se o desejam.
Segundo sua opinião, Rússia não pode estar em desacordo com esta opção porque vai dirigida a assegurar a provisão dos europeus.
Rússia e Ucrânia mantêm uma disputa pelo preço e a provisão do gás russo por causa da queda do governo de Viktor Yanukovich e a aproximação do país à UE.
Moscou reivindica no total o pagamento de US$ 4,5 bilhões por falta de pagamentos, enquanto a Ucrânia exige a devolução de US$ 6 bilhões por faturamento abusivo.
A UE tem especial interesse em que esta disputa se resolva por sua alta dependência das importações de gás da Rússia (39%), a maioria das quais chega a território comunitário através da Ucrânia. EFE
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